A Rússia classificou nesta terça-feira (16) como infundadas as acusações de que sua força aérea tenha realizado ataques contra vários hospitais no Norte da Síria, deixando quase 50 mortos. Os bombardeios ocorreram nas províncias de Idlib e Aleppo, onde uma ofensiva do regime de Bashar al-Assad contra grupos rebeldes é apoiada pelos russos.
A União Europeia, França, Turquia e diplomatas ocidentais classificaram os episódios como crime de guerra.
“Mais uma vez, desmentimos categoricamente tais acusações, principalmente porque quem as faz não consegue prová-las”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, indicando que o hospital havia sido atacado por americanos.
Na segunda-feira, o chanceler turco acusou a Rússia de realizar os ataques e ameaçou o país, afirmando que se os bombardeios continuarem, consequências serão inevitáveis. A França foi menos incisiva ao comentar o assunto. O recém-empossado chanceler, Jean-Marc Ayrault, disse que os ataques são inaceitáveis e devem parar imediatamento.
Um dos ataques ocorreu contra um hospital apoiado pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), deixando sete mortos. Oito funcionários estão desaparecidos. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), a Força Aérea russa realizou o ataque na província de Idlib. A instalação, onde trabalham 54 pessoas, conta com 30 leitos e é financiado pela organização médica humanitária, que também fornece remédios e equipamentos para a estrutura.
O Departamento de Estado afirmou que os bombardeios “jogam dúvida sobre a capacidade russa de ajudar a impedir a brutalidade do regime sírio. Por outro lado, segundo o embaixador sírio na Rússia, o ataque ao hospital teria sido de aviões americanos.
“(O hospital) foi destruído pela Força Aérea Americana. A Força Aérea Russa não tem nada a ver com isso”, disse o embaixador Riad Haddad.
Trégua
Enquanto isso, o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, se reuniu nesta terça-feira em Damasco com o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem, para negociar a entrega de ajuda humanitária à população sitiada. O objetivo é tentar salvar a trégua acertada entre as potências na quinta-feira passada pelo fim das hostilidades no país, devastado por uma guerra que completa cinco anos em março.
O acordo, que deveria entrar em vigor nesta semana, prevê um cessar-fogo temporário entre o regime de Assad e rebeldes, mas permite a continuidade dos ataques contra grupos terroristas como o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra.
“Na prática, falar de trégua é difícil”, disse na segunda-feira Assad, que classifica todos seus inimigos de terroristas.
O governo lançou no início de fevereiro uma ofensiva na região de Aleppo, que já forçou dezenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas, muitas delas seguindo para a fronteira com a Turquia, que está fechada. Segundo o presidente, a operação tenta cortar rotas de abastecimento aos rebeldes a partir do país vizinho.
Nova frente
Para agravar ainda mais a crise, a Turquia realiza há quatro dias ataques contra posições curdas no Norte de Aleppo, que tem avançado na região, aproveitando as debilidades dos rebeldes. Segundo o OSDH, uma artilharia turca bombardeou a cidade Tall Rifaat, um bastião rebelde agora nas mãos dos curdos.
Os Estados Unidos, que lidera uma coalizão internacional contra o Estado Islâmico, pediu para Turquia e Rússia evitarem uma escalada no conflito.
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