Criança síria processa grão de bico para cliente, no acampamento Washukanni para deslocados internos na província de Hasakeh, nordeste da Síria, 10 de maio de 2020| Foto: DELIL SOULEIMAN / AFP
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Após pressão da Rússia, a Organização das Nações Unidas (ONU) ordenou suas agências a cortar o financiamento de programas de auxílio a organizações humanitárias particulares que fornecem serviços essenciais de saúde para o combate ao coronavírus, pela fronteira do Iraque ao nordeste da Síria, informou a Foreign Policy, que ouviu fontes diplomáticas e de serviços humanitários e recomendações confidenciais da ONU.

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O nordeste da Síria, majoritariamente habitado por curdos, civis deslocados e grupos anti-governo, é um território controlado por rebeldes da oposição ao regime do ditador Bashar al-Assad, que tem a Rússia como principal aliado internacional.

Segundo a Foreign Policy, a ONU informou às suas agências de auxílio semanas atrás que elas tinham permissão para repassar fundos para as organizações de auxílio privadas que operam no nordeste da Síria apenas se elas fossem registradas em Damasco e tivessem autorização do regime sírio para trabalhar na região.

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O transporte de ajuda humanitária para o nordeste da Síria já tinha sido dificultado quando o Conselho de Segurança da ONU, pressionado pela Rússia, fechou em janeiro uma rota transfronteiriça que permitia a passagem de alimento, água e medicamentos para as partes da Síria fora do controle do governo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e agências da ONU já haviam manifestado preocupação porque não têm acesso suficiente para atender as necessidades de saúde dos 2 milhões de pessoas que vivem na região.

Entre bombardeios e a pandemia

Entre dezembro e fevereiro, uma escalada das tensões entre a Síria e a Turquia, que apoia rebeldes sírios, resultaram em ofensivas do regime de al-Assad, com apoio da Rússia, contra a província de Idlib que forçaram mais de 800 mil pessoas a deixar a região, um enclave dos rebeldes no noroeste da Síria.

Crianças sírias, cujas famílias decidiram voltar para casa por medo da pandemia de coronavírus em acampamentos lotados, limpam destroços no quintal de casa em al-Nayrab, vila destruída por bombardeios de forças pró-regime, perto de uma rodovia estratégica, na província de Idlib, noroeste da Síria, 3 de maio de 2020 | Foto: Bakr ALKASEM / AFP| Foto: Bakr ALKASEM / AFP

Muitas famílias que foram obrigadas a fugir de Idlib decidiram retornar, mesmo com suas casas destruídas, por medo da transmissão de Covid-19 em acampamentos lotados de pessoas deslocadas.

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Em março, Turquia e Rússia anunciaram um cessar-fogo na região de Idlib.

A guerra civil da Síria, que teve início em 2011, já causou a saída de 5,6 milhões de sírios do país e deixou outros 6,2 milhões deslocados internamente até abril deste ano.