A Rússia anunciou nesta segunda-feira (26) que vai estabelecer um corredor humanitário e implementar uma trégua de cinco horas diárias em Guta Oriental, na Síria, a partir de terça-feira (27).
A decisão foi anunciada após uma resolução do Conselho de Segurança da ONU determinar um cessar-fogo de 30 dias em todo o país. Os combates serão interrompidos das 9h às 14h para a entrada de ajuda e a saída de civis.
No primeiro período de trégua, serão retirados de doentes e feridos da região, afirmou o chefe do centro russo na Síria, Yuri Yevtushenko.
Na última semana, o Exército da Síria e seus aliados submeteram Guta Oriental, reduto rebelde perto de Damasco, a um dos piores bombardeios em sete anos de conflito. Mais de 500 pessoas foram mortas.
Apesar da resolução do Conselho de Segurança, os ataques continuaram ao redor da Síria desde o sábado. Segundo a ONU, ao menos 30 pessoas foram mortas nas últimas 48 horas.
"A ONU mobilizou e está pronta para enviar imediatamente comboios humanitários tão logo as condições permitam, bem como realizar centenas de retiradas médicas", afirmou Linda Tom, porta-voz humanitária da ONU em Damasco.
A população criticou a trégua limitada. "No resto do dia eles continuam a nos bombardear como costume. É como uma licença para matar", ironizou o ativista Firas Abdullah, morador de Douma.
Mohamad Alloush, chefe de uma das facções rebeldes de Ghouta, afirmou que o Exército sírio e seus aliados lançaram um "ataque terrestre radical" após a resolução da ONU. "Esperamos por ações reais, sérias e práticas."
Por outro lado, organizações médicas informaram no domingo (25) que diversas pessoas na região sofrem com sintomas consistentes com a exposição ao gás cloro.
Foto do grupo Capacetes Brancos, de assistência aos civis atingidos pela guerra, mostrou sete pequenos corpos cobertos por lençóis, depois do ataque em Douma.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que alegações sobre a realização de ataques químicos tinham por objetivo sabotar a trégua.
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