Os eleitores russos aprovaram mudanças na Constituição do país que permitirão ao presidente Vladimir Putin se manter no poder até 2036. Com as pesquisas fechadas e 30% dos distritos eleitorais contados até o momento, 74% da população votou de forma favorável ao pacote de mudanças constitucionais que também prevê um aumento nas aposentadorias.
O referendo ficou aberto por uma semana para garantir uma participação popular elevada sem, contanto, aumentar o fluxo de eleitores em meio à pandemia de Covid-19. A medida foi denunciada como uma ferramenta para manipular os resultados.
A pesquisa, que terminou nesta quarta-feira (1°), também foi alvo de relatos de pressão sobre os eleitores e outras irregularidades, incluindo questionamentos sobre o embasamento legal para a votação. As táticas para aumentar a participação no referendo incluíram, além do tempo de votação estendido, a oferta de carros e apartamentos como prêmios. Cidadãos do Leste da Ucrânia que têm passaportes russos foram transportados pela fronteira para votar. Além disso, duas regiões com grande número de eleitores – a capital Moscou e Nizhny Novgorod – permitiram a votação eletrônica.
Em Moscou e na maioria das localidades do Oeste da Rússia, a participação geral foi de 65%, segundo autoridades eleitorais do país. Em algumas regiões, foi registrada participação no referendo de cerca de 90% dos eleitores. Na península de Chukchi, no Leste da Rússia, os resultados preliminares mostram que 80% dos eleitores apoiam as emendas. Em outras partes do Extremo Oriente, mais de 70% dos eleitores votaram de forma favorável às mudanças.
“As anomalias são óbvias: há regiões em que a participação é artificial, impulsionada, e há regiões onde é mais ou menos real”, afirma Grigory Melkonyants, do grupo independente de monitoramento de eleições Golos, em entrevista à Associated Press.
Para Tatiana Stanovaya, do Carnegie Moscow Center, a pesquisa foi a saída encontrada pelo presidente russo para reconfigurar seu relacionamento com as elites do país, vez que Putin teme que elas comecem a procurar um sucessor em vez de trabalhar a favor da atual presidência.
“O referendo foi planejado por Putin como uma maneira de renovar seu mandato político, a fim de impor decisões à elite. Sua legitimidade, porém, é duvidosa. A votação é uma tentativa de obter um certificado de confiança do público”, complementa Tatiana.
Putin está há mais de duas décadas à frente do Kremlin. Em território russo, só ficou, até o momento, menos tempo no poder do que o ditador Josef Stalin. O atual presidente informou que ainda vai decidir se será candidato novamente em 2024.
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