O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, questionou nesta segunda-feira (24) a legitimidade do novo governo interino ucraniano, após a deposição do presidente pró-Moscou Viktor Yanujovich.
"Ali não temos com quem conversar. Temos sérias dúvidas sobre a legitimidade de uma série de órgãos de poder que agora estão funcionando no país", disse Medvedev em Sochi, ao explicar porque a Rússia chamou no domingo (23) seu embaixador em Kiev, Mijail Zurábov, para consultas.
"Alguns de nossos sócios estrangeiros não acham o mesmo. Não sei que Constituição leram, mas é uma aberração chamar de legítimo o que, na realidade, é resultado de uma insurreição armada", disse, em referência ao reconhecimento, por parte de alguns países ocidentais, das novas autoridades ucranianas.
"Não entendemos o que está acontecendo ali, se existe ameaça aos nossos interesses e às vidas de nossos cidadãos."
Ajuda financeira
O governo interino da Ucrânia disse nesta segunda que precisa de US$ 35 bilhões em ajuda internacional pelos próximos dois anos.
O presidente interino, Oleksander Turchinov, conduzido ao cargo após Viktor Yanukovich ter sido deposto pelo Parlamento no sábado, disse ontem que a Ucrânia estava próxima da falência e que a economia está à beira de um colapso.
"Pelos últimos dois dias, nós consultamos e nos reunimos com embaixadores da União Europeia, dos EUA e de outros países e instituições financeiras sobre uma entrega urgente de assistência macrofinanceira para a Ucrânia", disse o ministro das Finanças interino, Yuri Kolobov, em comunicado.
Segundo ele, a conferência internacional de doadores deveria envolver representantes da UE, dos EUA e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Ucrânia tem US$ 6 bilhões em dívida pública a vencer até o final de 2014.
Em um pronunciamento à nação ontem, Turchinov falou sobre a grande dimensão da tarefa à frente da nova liderança da Ucrânia, e determinou a estabilização da economia como prioridade.
"Ante um pano de fundo de recuperação econômica global, a economia ucraniana se dirige ao abismo", disse. "A tarefa do novo governo é interromper a queda do país para o abismo, estabilizar o câmbio, garantir o pagamento em dia dos salários e pensões, recuperar a confiança dos investidores e promover o desenvolvimento de empreendimentos e a criação de empregos."
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