A Rússia retirou das bancas quase todos os exemplares do Sobesednik, o primeiro jornal do país que estampou em sua capa a imagem do líder opositor Alexei Navalny, cuja morte há cinco dias em uma prisão foi atribuída ao Kremlin por sua família, a oposição e o Ocidente.
"Tudo isso é muito sério e até um pouco assustador para nós. Por que eles o apreenderam? Não sabemos. Não infringimos nenhuma lei", declarou Yelena Milchanovskaya, jornalista do semanário, ao canal de Telegram SotaVision.
O exemplar com a foto de Navalny, que a Agência EFE conseguiu adquirir, desapareceu dos estandes de vendas das redes Pressa e Pechat.
Segundo o portal Meduza, em um dos pontos o vendedor explicou a um cliente que recebeu a ordem “para não vender aquele número”.
Por sua vez, Michanovskaya afirmou ter recebido telefonemas com insultos e ameaças de leitores que não gostaram da capa.
O Sobesednik, jornal fundado na época soviética (1984), já tinha perdido muitos contratos publicitários desde o início da campanha militar russa na Ucrânia, há dois anos, ao que se deve acrescentar que as autoridades mantêm bloqueado o acesso ao seu site.
“Ainda há esperança!”, afirmava a capa do semanário que foi colocado à venda esta semana com uma grande fotografia de Navalny sorrindo e acenando na primeira página. Nas páginas internas, o jornal reúne informações sobre a morte do opositor e as acusações da viúva, Yulia Navalnaya, contra o presidente russo, Vladimir Putin.
Além disso, publica comentários de cidadãos russos e imagens de várias pessoas depositando flores em sua memória por todo o país.
A imprensa e a televisão russas, controladas pelo Estado, ignoraram completamente a morte de Navalny, com exceção do jornal econômico RBC.
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