A Rússia se opõe à imposição de um embargo de armas contra a Síria e acredita que alguns países deveriam parar de ameaçar o governo sírio com ultimatos, disse o ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, nesta terça-feira.
As propostas para "impor uma proibição contra todas as entregas de armas são bem desonestas", disse Lavrov, sugerindo que, na prática, o embargo contra as armas cortaria o fornecimento para o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, mas não para seus opositores.
"Sabemos como isso funcionou na Líbia, quando um embargo de armas se aplicava apenas ao Exército líbio. A oposição recebeu armas, enquanto países como a França e o Catar se pronunciaram publicamente sobre isso sem constrangimento", disse em coletiva de imprensa conjunta com o ministro de Relações Exteriores da Islândia. Rebeldes líbios derrubaram Muamar Kadafi em agosto.
Lavrov, referindo-se às potências do Ocidente e à Liga Árabe, disse ser hora de "parar de usar ultimatos" para pressionar Damasco e reiterou os pedidos da Rússia por um diálogo entre o governo sírio e seus inimigos. Para a Rússia, os opositores do governo também compartilham a culpa pelo derramamento de sangue no país.
"Quanto mais continuar o que está acontecendo na Síria, mais nos trará dificuldades. Na maior parte, grupos armados estão provocando as autoridades. Esperar que as autoridades fechem os olhos para isso não está certo", disse Lavrov.
Uma comissão de inquérito da Organização das Nações Unidas disse na segunda-feira que durante a repressão contra manifestantes forças militares e de segurança sírias haviam cometido crimes contra a humanidade, inclusive assassinato, tortura e estupro, e pediu um embargo de armas contra a Síria.
A Rússia, que também tem criticado maiores sanções contra a Síria pelos países do Ocidente e da Liga Árabe, tem relações políticas e estratégicas próximas com o governo de Assad, e tem sido o maior fornecedor de armas do país.
A Rússia se uniu à China no mês passado para vetar uma resolução do Conselho de Segurança, que tinha o apoio do Ocidente, condenando o governo de Assad pela violência.
Segundo investigadores da ONU, mais de 3.500 pessoas já morreram no país por conta da violência.
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