As advertências dadas pela Rússia ao Ocidente e a países árabes, de que não deveriam se intrometer com a Síria, ocultam a pequena possibilidade de um acordo sobre uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de deter o derramamento de sangue no país. A questão da exigência de afastamento do presidente da Síria, Bashar al-Assad, pode ser o ponto para o fim do impasse.

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Num momento em que o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, enfrenta os maiores protestos populares em 12 anos de poder e tem planos de retornar ao Kremlin na eleição presidencial de março, a Rússia quer evitar dar sua aprovação a qualquer mudança de regime arquitetada do exterior.

O governo russo tem se ocupado em estabelecer "linhas vermelhas" enquanto é pressionado a parar de proteger seu velho aliado sírio, o presidente Assad, e a usar seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para fazer com que a Síria encerre a repressão que já matou milhares de civis.

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A Rússia fez muito barulho, erguendo uma barreira de declarações nas quais enfatiza sua oposição a sanções contra a Síria - um grande cliente dos armamentos russos - e deixando claro que bloqueará qualquer tentativa do Conselho de Segurança de endossar uma intervenção militar.

O novo esboço de resolução, apresentado pelo Catar e a Arábia Saudita e apoiado pelo Ocidente, não defende novas sanções nem ameaça com uma ação militar, mas pede, sim, que Assad transfira o poder.

O texto diz que o Conselho apoia o plano da Liga Árabe de

"facilitar uma transição política que conduza a um sistema político plural, democrático,... incluindo a transferência de poder pelo presidente e eleições transparentes e justas".

Haveria a possibilidade de o governo russo ser tranquilizado

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se os partidários dessa resolução removessem a referência específica à transferência de poder por parte de Assad ou adicionassem uma cláusula descartando a hipótese de intervenção militar.

No entanto, pode ser que a Rússia exija uma clara afirmação de que os opositores de Assad também sejam responsáveis pelo derramamento de sangue. Além disso, também ficaria satisfeita com a remoção de uma cláusula pedindo "novas medidas" se a Síria não cumprir rapidamente as determinações - palavras que para o governo russo soam como sanções.