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As autoridades da Rússia se recusaram nesta segunda-feira (19), pelo terceiro dia consecutivo, a entregar à família o corpo do líder opositor Alexei Navalny, que morreu repentinamente na sexta-feira passada (16) em uma prisão no Ártico.
"Eles não os deixaram entrar. Eles literalmente expulsaram um dos advogados", relatou em seu canal no Telegram a equipe de Navalny, que culpa o Kremlin pela morte de seu líder.
A mãe do opositor, Liudmila Navalnaya, foi nesta segunda ao necrotério buscar o corpo, mas os funcionários disseram não saber onde estavam os restos de Navalny.
Segundo informou a OVD-Info, organização que protege os direitos dos detidos, mais de 50 mil pessoas já assinaram uma petição popular para que as autoridades entreguem o corpo do ativista político à família.
Por sua vez, o Comitê de Instrução da Rússia informou à mãe e ao advogado que “a investigação sobre a morte foi prolongada”.
"Não se sabe quanto tempo pode durar. Até o momento, as causas da morte 'não foram estabelecidas'. Mentem, ganham tempo e nem sequer escondem isso", acrescentou a equipe do opositor.
Os aliados de Navalny acusam diretamente o presidente Vladimir Putin de ordenar o seu assassinato na prisão conhecida como “Lobo Polar”, para onde foi enviado em dezembro do ano passado, após lançar uma campanha contra a reeleição do chefe do Kremlin.
"Há três anos e meio, Putin tentou assassinar Alexei. Ontem, ele o matou", disse Kira Yarmysh, porta-voz do opositor, em um vídeo postado no YouTube no sábado (17).
A mãe de Navanly chegou no sábado à cidade de Jarp, no distrito autônomo de Iamália-Nenets, onde já havia se encontrado com o filho no dia 12 de fevereiro.
Os funcionários da prisão confirmaram a morte do filho, mas desde então ela não teve acesso ao corpo nem aos resultados da autópsia. “Exigimos que o corpo de Alexei Navalny seja imediatamente entregue à sua família”, reiterou Yarmysh.
A família, a oposição, organizações de direitos humanos e várias chancelarias ocidentais apontam o Kremlin como responsável direto pela morte de Navalny, que já tinha sido envenenado em 2020, supostamente pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB), durante uma viagem à Sibéria.