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A Rússia teria submetido pelo menos 314 crianças da Ucrânia a um programa de adoção forçada ou de acolhimento desde o início da guerra com o país vizinho, em fevereiro de 2022, para que passassem por uma “russificação”, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (3) pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
A pesquisa, realizada pelo Laboratório de Pesquisa Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale, é “a maior e mais detalhada análise de alta confiança até hoje sobre a colocação de crianças ucranianas com cidadãos russos ou alistadas em bancos de dados russos [de adoção]”.
A instituição identificou 166 crianças já sob guarda de cidadãos russos e 148 incluídas em bancos de dados que são operados, afiliados ou dirigidos diretamente pelo governo russo ou coordenados com ele como parte de uma operação “sistemática, intencional e generalizada”.
Essa operação, documentada em um relatório de 86 páginas que aborda a custódia russa de crianças ucranianas, seu transporte de um país para outro e sua naturalização, “foi iniciada por [o ditador russo, Vladimir] Putin e seus subordinados com a intenção de russificar” as crianças, diz o relatório.
As 314 crianças ucranianas identificadas na pesquisa foram retiradas das províncias russas unilateralmente declaradas Donetsk e Lugansk, transportadas para pontos temporários e distribuídas por 21 regiões do país. Entre elas, 67 foram naturalizadas e 42 estão em processo de acolhimento.
O estudo também conclui que a Rússia está usando psicólogos para legitimar esse programa de adoção como uma “necessidade médica” e que as crianças foram submetidas à “reeducação pró-Rússia” após ficarem sob custódia russa.
Os pesquisadores afirmam que as adoções forçadas e os lares adotivos documentados podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade e que, junto com outras evidências, podem até mesmo fortalecer o caso de que a Rússia está cometendo genocídio contra a Ucrânia.
Em março de 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão para Putin e sua comissária de proteção à criança, Maria Lvova-Belova, pela deportação em massa para o território russo de menores ucranianos de regiões ocupadas na Ucrânia, o que equivale a um crime de guerra.
Além de Putin e Lvova-Belova, o relatório de Yale acusa outras autoridades russas de responsabilidade pelo programa de adoção forçada: Anna Kuznetsova, vice-presidente da Duma russa (câmara baixa do Parlamento); Sergei Kravtsov, ministro da Educação; e os chefes das administrações pró-russas de Donetsk e Lugansk.
Conteúdo editado por: Fábio Galão