Manifestantes russos começaram a lotar as ruas de diversas cidades do país neste sábado em atos contra as fraudes eleitorais que deram a vitória ao partido do premiê Vladimir Putin no último pleito parlamentar.
Os protestos são os maiores dos últimos 20 anos e chegam no mesmo dia em que o governo confirmou os 49% dos votos à legenda Rússia Unida.
Embora a legislação russa permita reuniões de no máximo 30 mil pessoas e o governo tenha dado autorização para somente um protesto de cerca de 300 pessoas na praça Revolução, em frente ao Kremlin, a manhã de sábado mostrou que os manifestantes pretendem levar um número elevado de pessoas às ruas do país.
Ao menos mil protestam em Vladivostok, na costa do Pacífico; e, em Khabarovsk, na fronteira com a China, a polícia prendeu 20 manifestantes. Segundo a emissora britânica BBC, milhares já saíram às ruas na capital, às margens do rio Moscou, e a agência Associated Press diz que mais de 70 cidades devem abrigar protestos.
Até o meio-dia de sexta-feira (hora local), 60 mil russos haviam manifestado pelas redes sociais Facebook e VKontakte a sua intenção de comparecer aos protestos.
A eleição parlamentar em que o partido governista Rússia Unida viu sua bancada encolher em 77 deputados, sinalizou um crescente descontentamento contra os 12 anos de hegemonia política de Putin no maior país do mundo.
Durante a semana, o partido do governo negou as fraudes e acusou os Estados Unidos de incitarem a agitação popular. Centenas foram presos pela polícia durante a repressão a protestos logo após o término das eleições.
Resultados
O Diário Oficial russo publica hoje os resultados oficiais das eleições legislativas de 4 de dezembro, que confirmam a vitória do partido governista com 49,32% dos votos.
Segundo os resultados publicados pelo Rossiiskaia Gazeta, o partido do primeiro-ministro Vladimir Putin terá a maioria absoluta de 238 cadeiras, de um total de 450, na Duma (Câmara Baixa).
Os resultados apontam 92 deputados ao Partido Comunista (19,19% dos votos), 64 ao Partido Rússia Justa (centro-esquerda, 13,24%) e 56 ao Partido Liberal Democrata (nacionalista, 11,67%).
O partido de oposição liberal Iabloko, com 3,43% dos votos, não estará representado na Duma. De acordo com os resultados oficiais, a participação foi de 60,21%.
A missão de observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) anunciou ter constatado muitas irregularidades na votação. O site da ONG Cidadão Observador (nabludatel.org) afirma que os resultados reais dariam ao Rússia Unida quase 20 pontos a menos, com uma participação real de pouco mais de 50% dos eleitores (o voto é facultativo no país).
Turbulência
Na segunda-feira, a oposição realizou seu maior protesto dos últimos anos em Moscou. A tensão política assustou os investidores, que temem uma fase de instabilidade na Rússia até a eleição presidencial de 2012, em que Putin é favorito.
Ele já foi presidente de 2000 a 2008, quando passou o cargo para seu afilhado político Dmitri Medvedev. Desde então, ele atua como primeiro-ministro, mas continua sendo o político mais poderoso do país.
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