A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) divulgou imagens que mostram unidades de artilharia russas operando na Ucrânia. Segundo a organização, mais de mil soldados da Rússia já se juntaram aos separatistas que lutam contra as Forças Armadas ucranianas.
As imagens de satélite levadas a público ontem, feitas entre o mês de julho e a semana passada, são as primeiras provas da incursão russa no país vizinho, de acordo com a Otan.
Equipamentos que aparecem nas imagens não podem ser ucranianos, diz a organização, porque as áreas registradas, como a da cidade de Krasnodon, são controladas pelos separatistas.
"Nas duas últimas semanas, notamos uma escalada significativa da interferência militar da Rússia na Ucrânia", afirmou o general-de-brigada holandês Nico Tak, dirigente militar da Otan.
Kiev afirmou ontem também que forças russas tomaram o controle da cidade fronteiriça de Novoazovsk, cem quilômetros ao sul de Donetsk, principal ponto controlado pelos separatistas pró-Rússia. Um militar de alto escalão ucraniano declarou que estaria havendo uma "invasão em larga escala" do país.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, trocou a viagem à Turquia para a posse de Recep Tayyip Erdogan por uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Segurança e Defesa.
"Artilharia pesada, carregamentos de armas e soldados russos entraram no território ucraniano a partir da área de fronteira com a Rússia que está sem controle", afirmou o presidente em comunicado sobre a suposta tomada de Novoazovsk. "A situação é extremamente difícil, e ninguém vai menosprezá-la. Ainda assim, está sob controle", disse Poroshenko.
O presidente ucraniano afirmou que não era necessário entrar em pânico. Para ele, o pânico "é uma arma tão eficiente quanto tanques de guerra ou rifles".
Moscou continua a negar que esteja dando apoio aos separatistas. Também afirma que não procedem as acusações de Kiev de que tenha enviado tropas para a fronteira.
O presidente americano, Barack Obama, condenou a participação russa, mas não usou o termo "invasão". "Considero as ações da última semana uma continuação do que vem acontecendo há meses", disse ontem a jornalistas na Casa Branca. A embaixadora americana na ONU, porém, foi menos comedida que Obama.
ONU critica suposta invasão de Moscou
Agência Estado
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu ontem para discutir a escalada da crise na Ucrânia. Alguns membros do conselho expressaram ultraje com a situação, horas após uma autoridade de alto escalão do governo ucraniano afirmar que comboios de tanques russos invadiram o país.
O subsecretário-geral da ONU para Questões Políticas, Jeffrey Feltman, disse aos membros do conselho, assim que a reunião começou, que os acontecimentos mais recentes na região mostram "uma escalada perigosa do conflito", mas que a organização internacional não tinha meios para confirmar os últimos "relatos extremamente alarmantes".
A embaixadora dos EUA, Samantha Power, disse ao conselho que "todos têm de mandar uma mensagem clara e unificada: Rússia, pare com esse conflito. Rússia, você não está nos ouvindo".
"A Rússia veio diante deste conselho para dizer tudo, menos a verdade", disse Power.
"Nós vamos continuar a trabalhar com os parceiros do G7 para ampliar as consequências contra a Rússia", disse a embaixadora.
A França também ameaçou intensificar as sanções contra a Rússia se a escalada do conflito na Ucrânia não terminar.
Antes do encontro, o embaixador russo para a ONU, Vitaly Churkin, disse a repórteres que eles "não sabem mais o que dizer", sem dar mais comentários.