Cerca de 10 mil nacionalistas russos saíram ontem às ruas de Moscou para protestar contra a presença de imigrantes das ex-repúblicas soviéticas no país. As manifestações resultaram na prisão de dezenas de pessoas.As autoridades moscovitas indicaram ter prendido pelo menos 30 jovens que fizeram a saudação nazista e quebraram vidros de automóveis. "Por que há estrangeiros em nossas cidades? Esta é a nossa casa", afirmou uma jovem manifestante.
O chefe do movimento "Os Russos", o ultranacionalista Dmitri Demuchkin, figurava entre os manifestantes que exibiam cartazes com dizeres como "Hoje uma mesquita, amanhã a jihad [conceito usado para definir a luta pela causa muçulmana, mas que também é interpretado como guerra santa]".
A animosidade contra imigrantes das ex-repúblicas soviéticas na Ásia central e contra não eslavos da região do Cáucaso (majoritariamente muçulmana) tem crescido entre os nacionalistas. Analistas e críticos do Kremlin acusam o presidente russo Vladimir Putin de promover o nacionalismo na Rússia com o objetivo de consolidar sua autoridade.
As chamadas "passeatas russas", que contam com a permissão das autoridades, são realizadas tradicionalmente no Dia da Unidade do Povo, celebrado ontem, e seu lema principal é exigir a expulsão de imigrantes ilegais do país.
A maior ação de ontem foi no distrito de Liublino, em Moscou, onde segundo a polícia participaram cerca de 8 mil pessoas. Segundo o canal de televisão Dozhd, vários nacionalistas agrediram imigrantes, majoritariamente procedentes do Cáucaso, perto da estação do metrô Liublino. Manifestações nacionalistas similares ocorreram em outras cidades do país, como São Petersburgo, Kazan e Irkutsk.
Imigrantes
O Dia da Unidade do Povo foi instituído como festa em 2005 por Vladimir Putin para substituir a abolida festa da Revolução de Outubro, que era em 7 de novembro. A polícia aumentou nesses dias sua presença nas ruas após os distúrbios étnicos provocados pelo assassinato de um jovem russo por um imigrante do Azerbaijão há duas semanas no distrito de Biryuliovo, em Moscou.
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), afirma que a Rússia tem aproximadamente 11 milhões de imigrantes. O país não exige visto para cidadãos de todas as repúblicas da região central da Ásia e a maioria dos trabalhadores imigrantes estão em situação ilegal.
Imigrantes da região central da Ásia são amplamente empregados nas grandes cidades no setor da construção civil ou em trabalhos com baixos salários, atividades que os russos não estão dispostos a fazer.