Os russos começaram a ir às urnas nesta sexta-feira (17) no primeiro dos três dias de eleições parlamentares, em meio a repressão "sem precedentes" a opositores, à mídia independente e a organizações não governamentais, segundo acusam a oposição e observadores.
Estão em votação todos os 450 assentos da Duma, a câmara baixa do parlamento russo. Também estão sendo realizadas eleições para governos e assembleias regionais. Os resultados devem ser divulgados logo após o fechamento das urnas, no domingo.
Assim que as urnas foram abertas, o aplicativo de votação criado pela oposição liderada por Alexei Navalny, que está preso, desapareceu das lojas de aplicativos do Google e da Apple. Os apoiadores de Navalny acusaram as duas empresas de tecnologia de ceder à pressão do Kremlin, e descreveram a ação como um "tremendo ato de censura".
O governo russo, que declarou que a organização liderada por Navalny é "extremista", pressionou as duas gigantes de tecnologia a bloquear o acesso ao aplicativo. O programa orienta os eleitores a votar nos candidatos da oposição com mais chances de derrotar o partido Rússia Unida, apoiador do governo. Nesta sexta-feira, o Kremlin comemorou a decisão das empresas.
Um assessor de Navalny postou a carta que recebeu da Apple anunciando a decisão: "Estamos escrevendo para notificar que o seu aplicativo será removido da App Store russa porque ele inclui conteúdo que é ilegal na Rússia".
Navalny foi preso em janeiro, assim que voltou à Rússia depois de ser tratado na Alemanha, onde se recuperou do envenenamento por um agente nervoso. A sua organização foi designada "organização extremista", o que impediu os seus aliados de participar nessa eleição.
O governo russo também perseguiu e fechou veículos da imprensa considerados "agentes estrangeiros", deixando o controle da informação no país principalmente com a imprensa estatal.
Baixa histórica
As pesquisas indicam que o partido Rússia Unida - que tem a maioria absoluta na Duma, com 336 assentos - está com o seu menor apoio desde 2008. Mesmo de acordo com a sondagem do instituto de pesquisa estatal, o partido tem cerca de 29% das intenções de votos.
Antes da votação, houve aumento no apoio ao Partido Comunista da Rússia. Em parte isso foi causado porque a estratégia da oposição de indicar os candidatos com maiores chances de derrotar o partido governista identificou muitos candidatos comunistas como os adversários mais fortes. Nas últimas semanas, o Partido Comunista alcançou uma média superior a 19% nas pesquisas de intenção de voto.
O Partido Comunista russo foi contrário à proposta do presidente russo Vladimir Putin de estender o seu mandato presidencial, votada em referendo no ano passado, mas frequentemente se alinha com o Rússia Unida, que apoia Putin.
Três outros partidos têm representantes no parlamento, além de dois partidos nanicos que ocupam um assento cada. O mais forte deles é o Partido Comunista.
A popularidade de Putin se mantém alta, embora tenha diminuído em relação aos anos anteriores, resultado da insatisfação com as dificuldades econômicas, baixos salários e da percepção de corrupção generalizada mesmo nos mais altos escalões do governo.
Os russos também estão descontentes com os impactos da pandemia no país, que passa por sua terceira onda de contágios do coronavírus.
Em eleições passadas, houve acusações de fraudes na votação. Neste ano, a votação também ocorre online, além da votação presencial em cédulas de papel.
Vladimir Putin, que está isolado depois que várias pessoas de seu entorno foram diagnosticadas com Covid-19, votou eletronicamente em sua residência oficial nos arredores de Moscou.
As autoridades eleitorais russas disseram que a votação precisou ser distribuída em três dias para evitar aglomerações durante a pandemia de Covid-19. Os últimos postos de votação a abrir, no exclave de Kaliningrado, deram início à votação nove horas depois dos primeiros, no extremo leste do território do país, que abrange 11 fusos horários.
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