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Cristãos no Domingo de Ramos em Manágua, capital da Nicarágua: ditadura sandinista promove perseguição à Igreja, com prisões e proibição de atividades
Cristãos no Domingo de Ramos em Manágua, capital da Nicarágua: ditadura sandinista promove perseguição à Igreja, com prisões e proibição de atividades| Foto: EFE/Jorge Torres

O sacerdote panamenho Donaciano Alarcón foi expulso da Nicarágua após celebrar a Eucaristia do início da Semana Santa e se encontra em Honduras, segundo informou nesta terça-feira (4) à Agência EFE o arcebispo do Panamá, monsenhor José Domingo Ulloa, que defendeu a “liberdade religiosa”.

“Temos notícias de que o padre panamenho Donaciano foi expulso. Ele estava fazendo ali uma experiência com os padres claretianos. Ele tinha sido designado para a Nicarágua. E depois da Eucaristia [na segunda-feira, para o início da Semana Santa], eles o levaram e o expulsaram e agora está em San Pedro Sula”, explicou o arcebispo panamenho.

Ulloa acrescentou que “depois da celebração [da Eucaristia, Alarcón] foi levado, é verdade que não o machucaram, mas foi expulso do território nicaraguense”.

“São coisas que às vezes não entendemos sobre aqueles que às vezes detêm o poder e acredito, acima de tudo, na liberdade religiosa”, disse o arcebispo do Panamá.

O jornal panamenho Panorama Católico citou as declarações de Alarcón à católica Radio Hogar, do Panamá, nas quais ele confirmou que foi expulso, mas não de forma violenta, e desmentiu que tenha liderado uma procissão.

As relações entre o governo de Daniel Ortega e a Igreja Católica vivem momentos de grande tensão, marcadas pela expulsão e prisão de padres, como o caso da condenação do bispo Rolando Álvarez a mais de 26 anos por “traição contra a pátria”, ou a proibição de atividades religiosas, incluindo procissões como a Via Crucis.

O ditador Ortega chamou de “máfia” padres, bispos, cardeais e o papa Francisco, que havia qualificado o governo sandinista de “ditadura rude” e apontou “um desequilíbrio da pessoa que dirige” o país centro-americano, um dos mais pobres do continente.

Monsenhor Ulloa pediu solidariedade ao povo da Nicarágua, um país mergulhado em uma longa crise que inclui episódios violentos como o de abril de 2018, que deixou centenas de mortos em manifestações antigovernamentais e provocou a fuga de milhares de nicaraguenses, enquanto centenas foram expatriados pelo governo em meio à condenação internacional generalizada.

E “não só solidariedade. Os homens de fé acreditam no poder da oração (...). Pedimos justamente que cesse a violência dos violentos”, disse Ulloa.

“Nós também olhamos para esses personagens assim com os olhos com os quais Deus os olharia, e pedimos que mais cedo ou mais tarde eles possam mudar (...). Como seres humanos, esquecemos a dimensão de que estamos aqui de passagem e acreditamos que somos eternos”, acrescentou.

Alarcón "faz parte desta comunidade [claretiana], seus superiores estarão estudando se é conveniente para ele ficar [em Honduras] ou se podem designá-lo para qualquer outro país da América Central, porque está nos primeiros anos de fazer um melhor conhecimento do que é ser claretiano”, explicou Ulloa.

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