O escândalo envolvendo a descoberta de uma sacola de dinheiro no gabinete da ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, abriu uma crise no governo do presidente Néstor Kirchner a menos de quatro meses das eleições para presidente do país, que serão disputadas pela primeira-dama, Cristina Kirchner.
A abertura de uma investigação sobre o escândalo pela Justiça fez com que a Casa Rosada começasse a analisar se mantém Miceli no governo num cargo tão central como a pasta da Economia ou se força a sua renúncia. "Que Miceli fique ou vá embora trata-se de uma questão de conveniência", afirmou o jornal Clarín, que tradicionalmente apóia o governo.
O escândalo veio à tona através de uma denúncia, no dia 24 de junho, feita pelo jornal Perfil, que faz oposição ao governo. Na última sexta-feira a ministra saiu a público para tentar explicar a descoberta de US$ 31 mil e cem mil pesos no armário do banheiro. O dinheiro foi encontrado durante inspeção de rotina da Brigada de Incêndio da Polícia Federal no dia 5 de junho, mas suas explicações parecem não ter convencido o presidente.
A ministra afirmou que o dinheiro era para a compra de um imóvel, operação que não foi realizada. Ela diz que esqueceu o dinheiro no gabinete e que, por isso, a sacola foi encontrada pela polícia. A Justiça agora vai pedir ao Banco Central os extratos bancários de Miceli e do irmão, já que ela afirma que a maior parte foi emprestada por ele.
Se suas justificativas forem verdadeiras, um saque compatível à quantia deve constar no extrato do irmão, o empresário Horacio Miceli. Embora na Argentina seja comum guardar dinheiro em casa, convertido em dólares, a quantia é considerada alta e, da forma como estava guardada no armário do banheiro e não no cofre do gabinete deu margens a interpretações de que a intenção era esconder.