Bagdá (AFP) O julgamento de Saddam Hussein conheceu mais um dia desordenado, ontem, com uma nona audiência que transcorreu na ausência do presidente deposto e dos advogados da defesa, em meio a uma série de atentados que mataram pelo menos seis pessoas em Bagdá. Depois de três horas de espera, o processo de Saddam Hussein recomeçou, a portas fechadas, segundo a decisão do juiz Rauf Rachid Abdel Rahman, para tentar resolver os problemas judiciários crescentes que envolvem o caso.
Os advogados da defesa resolveram boicotar o tribunal enquanto o juiz não for revogado, e a maioria dos réus seguiu o mesmo caminho. Só um advogado da defesa, Abdullah Ruaid, esteve presente. Apesar da perda de credibilidade do tribunal, que já começou há algumas semanas, o juiz resolveu seguir adiante com o julgamento, mesmo sem os principais acusados e seus advogados.
Saddam Hussein e outras sete pessoas estão sendo julgados pelo massacre de 148 aldeões xiitas nos meses e anos que seguiram um ataque do cortejo presidencial em 1982, em Dujail, ao norte de Bagdá. Eles arriscam a pena de morte, e se declaram inocentes. O quatro principais réus Saddam Hussein, seu meio-irmão Barzan al-Tikriti, o ex-vice-presidente do Iraque Taha Yassin Ramadan, e Awad al-Bandar, ex-juiz do tribunal revolucionário estavam ausentes ontem, assim como Mezher Abdallah Rueid, um antigo membro do partido Baath da cidade de Dujail. Cinco testemunhas prestaram depoimento sobre a feroz repressão praticada contra os habitantes de Dujail após o ataque de 1982. A décima audiência está prevista para hoje.