Bagdá Em uma carta de despedida divulgada ontem, Saddam Hussein disse estar pronto para ser "sacrificado em nome do Iraque" e que morrerá como um "verdadeiro mártir". O ex-ditador pediu ainda que o povo iraquiano se una contra os inimigos do país.
A carta vem a público um dia após a Corte de Apelações iraquiana manter a pena de morte contra Saddam, que deve ser executado até o dia 27 de janeiro do ano que vem. Ele foi condenado à forca por ser considerado responsável pela morte de 148 xiitas na cidade de Dujail, em 1982.
Divulgada num site do Baath, partido de Saddam quando ele ainda detinha o poder, a declaração teve sua autenticidade confirmada pelos advogados. De acordo com eles, o ex-presidente iraquiano escreveu a carta em sua cela, no dia 5 de novembro, dia de sua condenação.
Na mensagem, Saddam também afirmou que o Irã e os EUA são os responsáveis pela violência atual no Iraque. "Os inimigos do país, os invasores e os persas viram em sua unidade uma barreira entre vocês e aqueles que agora os estão dominando." Segundo ele, apenas uma união "entre os filhos da nação" pode impedir que o Iraque "caia na servidão".
A morte por enforcamento de Saddam Hussein levanta questionamentos sobre a deterioração da já complicada situação no Iraque. A Casa Branca prevê que a crise entre xiitas e sunitas no país possa se intensificar após a morte do ex-líder iraquino.
Ontem, numa demonstração de que isso poderá ocorrer, o Partido Baath ameaçou com retaliações a eventual execução e Saddam. "Nosso partido alerta novamente para os resultados do cumprimento de tal veredicto para a situação do Iraque e da América em particular", disse a nota divulgada pela Internet, cuja autenticidade não pode ser verificada. "É o limite mais perigoso, que o governo norte-americano não deve transpor."