O juiz que preside o julgamento do ex-ditador Saddam Hussein pelo massacre de 143 xiitas em 1982 decidiu nesta quarta-feira adiar a continuação do processo até 28 de novembro. O juiz-chefe do julgamento disse que a principal razão para a suspensão do processo é que várias testemunhas estão com medo de falar diante do tribunal.
Mohammed Amin disse que 30 a 40 testemunhas não vieram a Bagdá para o julgamento, que ocorre da fortificada Zona Verde da capital iraquiana, onde funcionam prédios do governo e representações diplomáticas ocidentais.
- A principal razão foi que as testemunhas não compareceram. Elas estão com muito medo de serem testemunhas públicas. Vamos discutir a questão nas próximas sessões - afirmou o magistrado.
A defesa pediu para tempo para analisar um material com 800 páginas que ela alegar ter sido entregue aos advogados de Saddam há 45 dias.
O chefe da equipe de advogados de Saddam, Khalil Dulaimi, disse à CNN que queria no mínimo três meses de suspensão porque a maioria dos membros de sua equipe não é suficientemente experiente em legislação internacional e em casos dessa magnitude.
Juntamente com sete ex-assessores, o ex-ditador está sendo julgado pelo extermínio de 143 xiitas na cidade de Dujail, quando estava no poder.
As acusações deste processo, o primeiro que Saddam enfrenta, são relativas a eventos ocorridos em 8 de julho de 1982, quando um grupo de jovens ligados ao Partido xiita Dawa tentou assassinar o então ditador em seu comboio blindado em Dujail, cidade a 60 km norte de Bagdá.
Em retaliação, Saddam, segundo os promotores, mandou caçar, torturar e matar dezenas de homens da cidade durante anos.
Homens e mulheres também teriam sido removidos à força de Dujail, levados à prisão de Abu Ghraib e mandados para um campo de internamento no deserto, perto da fronteira com a Arábia Saudita, onde muitos "desapareceram".
Helicópteros e tanques demoliram partes da cidade. Fazendas e plantações tiveram sua terra salgada.
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