Atualizado em 04/11/2006, às 13h55

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O ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein, pode ser condenado à morte no próximo domingo no encerramento do processo de crimes contra a Humanidade, mas não subirá tão cedo à forca porque vai responder por outros crimes em novos julgamentos. O chefe da equipe de defesa de Saddam , Khalil al-Dulaimi, afirmou que a data da sentença, 5 de novembro, tem o objetivo de ajudar o Partido Republicano do presidente George W. Bush nas eleições para os governos dos estados e para o Congresso dos Estados Unidos no dia sete de novembro e pediu um adiamento. Há a possibilidade de ser decretado toque de recolher nas principais cidades do país.

Dulaimi reiterou avisos de que uma sentença de morte contra Saddam - que seria dada num momento em que Bush enfrenta críticas crescentes em função da guerra no Iraque - mergulharia a região em violência ainda maior.

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- Solicitamos um adiamento de pelo menos dois meses para que possamos completar nossas apresentações no processo, no qual nossos direitos de defesa foram violados e nossos clientes tiveram seu direito a uma defesa legal plena negada - disse Dulaimi em Amã, na Jordânia. - Haverá uma catástrofe nunca antes vista na região. Temo que as pessoas que pressionaram os EUA a ocupar o Iraque irão novamente impelir o idiota do Bush a dar um veredicto politicamente inspirado, mas ele pagará um preço alto por isso - alertou o advogado.

Dulaimi criticou o processo legal iraquiano, apoiado pelos EUA, e a justiça do julgamento sobre as mortes em Dujail, dizendo que a legitimidade do tribunal está em dúvida.

- Este tribunal é criação da ocupação militar americana, e o tribunal iraquiano não passa de ferramenta dos invasores - acrescentou.

O julgamento de Saddam devia ser o ponto alto da intervenção americana por um novo Iraque, mas a realidade é bem diferente, com o país mergulhado numa onda de violência sem precedentes. Os iraquianos, que há um ano, quando começou o julgamento, comemoraram a punição do ex-dirigente, hoje são indiferentes ao seu destino, preocupados com a difícil sobrevivência num quadro cada vez mais caótico. Saddam e sete auxiliares são acusados neste processo pela morte de 148 xiitas depois de atentado contra sua vida na cidade de Dujail em 1982. Na próxima terça-feira, ele começa a ser julgado por outro crime, de genocídio contras os curdos, uma minoria étnica do norte do Iraque.

O professor de direito americano Michael Scharf, que treinou juízes e promotores para o atual julgamento, disse que, apesar das falhas, tratava-se da mais importante ação judicial por crimes de guerra desde os procedimentos de Nuremberg contra nazistas ao fim da Segunda Guerra Mundial.

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- A sentença será um exemplo para casos semelhantes por muitos anos - afirmou.

O julgamento foi tumultuado. Dois advogados de Saddam foram assassinados e um juiz renunciou em protesto contra a interferência do governo nos trabalhos da corte.