Nova Iorque (Reuters) – Quase 2.400 empresas estrangeiras de 66 países, entre elas a belga Volvo e as alemãs Siemens e Daimler Chrysler, fizeram pagamentos ilícitos totalizando US$ 1,8 bilhão ao governo de Saddam Hussein durante o programa Petróleo por Comida da ONU, disse um relatório divulgado ontem pela Comissão Independente de Inquérito das Nações Unidas (ONU). A comissão chefiada pelo ex-presidente do banco central dos Estados Unidos (Fed), Paul Volcker, afirmou no documento que Saddam desviou dinheiro com superfaturamento e propinas.

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O programa, iniciado em dezembro de 1996 e encerrado em 2003, visava a amenizar o impacto sobre a população iraquiana das sanções impostas pela ONU depois da invasão do Kuwait pelo Iraque, em 1990. Por ele, o Iraque podia vender petróleo para comprar alimentos, remédios e outros bens de consumo essenciais.

O relatório afirma que sob o programa o Iraque vendeu um total de US$ 64,2 bilhões em petróleo para 248 empresas, das quais 139 pagaram propinas. Em troca, cerca de 3.614 empresas venderam US$ 34,5 bilhões em bens humanitários ao Iraque – segundo o relatório da ONU, 2.253 dessas empresas pagaram propinas.

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O levantamento de 500 páginas diz que empresas de 66 países pagaram comissões na venda de bens de uso humanitário para o Iraque, e que companhias de 40 nações pagaram preços superfaturados em contratos de petróleo. O Conselho de Segurança da ONU teria tomado poucas providências, denuncia o documento.

As atividades do banco francês BNP-Paribas, responsável pelas contas do programa de US$ 64 bilhões, também foram analisadas pela comissão, que condenou a ausência de medidas do banco contra a corrupção. Tratamento preferencial foi dado a empresas da França, da Rússia e da China, que são membros permanentes com poder de veto do Conselho de Segurança, e que eram mais favoráveis à suspensão das sanções defendidas pelos EUA e pela Grã-Bretanha.