Saddam Hussein retornou ao tribunal nesta quarta-feira e acusou o ministro do Interior do Iraque de matar e torturar milhares de iraquianos. As declarações devem inflamar ainda mais a tensão entre facções religiosas do país.
O ex-ditador, que pode ser condenado à pena de morte, permaneceu em atitude desafiante um dia depois de a corte ter anunciado que ele poderia enfrentar em outro julgamento novas acusações de genocídio de curdos na década de 80. ( saiba mais )
Saddam se recusou a assinar documentos, alegando que somente um tribunal internacional seria justo, e fez denúncias contra o atual Ministério do Interior xiita.
- Milhares de iraquianos foram mortos nas ruas e torturados por eles - disse Saddam ao criticar o ministério.
Quando o juiz o interrompeu, Saddam disse:
- Se você tem medo do ministro do Interior, ele não assusta nem meu cachorro.
O ministro do Interior iraquiano, Bayan Jabor, é odiado entre os sunitas, que o acusam de travar uma guerra sectária contra eles e permitir que milícias xiitas ajam com impunidade. O ministro nega as acusações. Os sunitas eram a facção dominante quando Saddam governava.
Ainda na sessão desta quarta-feira, o juiz que preside o julgamento de Saddam e uma integrante da equipe de defesa do ex-ditador tiveram discussões acaloradas, que resultaram na expulsão da advogada.
Guardas escoltaram Bushra Khalil até a porta do tribunal, depois que o juiz Raouf Abdel Rahman disse que ela estava fora de controle.
- Isso é o que os americanos fizeram aos iraquianos em Abu Ghraib - gritara ela minutos antes, segurando uma fotografia de detentos sofrendo abusos na prisão.
Saddam e sete colaboradores são acusados de envolvimento no massacre 148 muçulmanos xiitas em Duyail, no norte de Bagdá, em 1982.