Mais da metade dos prisioneiros palestinos que Israel colocará em liberdade na terça-feira, em troca do soldado Gilad Shalit, cumpre pena de prisão perpétua por acusação de terrorismo. É o que informa a lista divulgada ontem pelo serviço penitenciário israelense, que inclui 477 nomes que formam a primeira leva de prisioneiros a serem libertados.
Pelo acordo fechado entre Israel e o grupo extremista Hamas, dentro de dois meses será a vez de um segundo grupo sair da cadeia, totalizando 1.027 palestinos em troca do soldado israelense.
Em meio aos preparativos para a troca de presos prevista para amanhã, parentes de vítimas de atentados entraram com recursos na Suprema Corte de Israel, na última tentativa de barrar o acordo.
Um deles foi Yitzchak Maoz, que perdeu a filha Tehila, então com 18 anos, no atentado suicida em uma pizzaria de Jerusalém, em 2001. Na explosão morreram 15 pessoas, entre eles o brasileiro Giora Balazs.
Na lista de perdoados também está Ahlam Tamimi, de 31 anos, condenada a 16 penas de prisão perpétua. Foi ela quem levou o suicida até a pizzaria.
Para o pai da vítima, o acordo encorajará mais atos de violência. "Isso aumentará o terrorismo no país e em todo o mundo", disse Maoz, afirmando que tem pouca esperança de que o Supremo acate os recursos.
Com base em trocas de prisioneiros feitas no passado, pode-se esperar que os juízes considerem a decisão uma prerrogativa do governo e não se intrometam.
Embora o clima entre os israelenses seja de festa e alívio, após cinco anos de expectativa e campanha nacional pela libertação de Shalit, os recursos no Supremo refletem uma preocupação. Como se previa, a lista divulgada ontem não inclui alguns prisioneiros de alto calibre político, como o líder da segunda intifada (levante palestino), Marwan Barghouti.
Porém, entre os que serão libertados estão 288 prisioneiros que cumpriam prisão perpétua. A sentença mais alta a ser anulada pelo acordo é a de Walid Abdel-Hadi, de 31 anos, condenado a 36 penas perpétuas. Este número geralmente equivale ao de mortes causadas pelos ataques que o réu cometeu.
Destinos
A previsão é de que o soldado israelense seja levado amanhã para o Egito, de onde seguirá de helicóptero para Israel. Já os prisioneiros palestinos libertados serão enviados à Faixa de Gaza (mais da metade), outra parte para a Cisjordânia e seis para Israel. Outros 41 serão expulsos do país.