Famílias palestinas deixam o norte de Gaza rumo ao sul, após aviso do exército israelense.| Foto: Mohammed Saber/EFE
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As seis passagens fronteiriças de Gaza estão fechadas depois que a travessia de Rafah, a única que faz fronteira com o Egito, também teve o seu tráfego interrompido pelo lado palestino. Segundo relatou a Organização Mundial da Saúde (OMS), a passagem é acessível do lado egípcio, mas permanece fechada do outro lado, o que impede não só o trânsito da ajuda humanitária enviada para Gaza através do Egito pelo organismo das Nações Unidas, mas também de pessoas. Nas últimas horas, outras agências humanitárias também confirmaram que a passagem da fronteira de Rafah não estava operacional.

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As autoridades egípcias informaram nos últimos dias que as proximidades de Rafah foram bombardeadas por Israel, o que causou interrupções nas operações da passagem fronteiriça que conecta o Sinai egípcio com o enclave palestino e que agora também está fechada para a ajuda humanitária. Além de Rafah, Gaza tem outros cinco pontos fronteiriços com Israel, todos de vital importância para a subsistência dos habitantes da Faixa.

Egito condiciona entrada de estrangeiros à passagem de ajuda humanitária

As autoridades egípcias se recusaram a permitir, neste sábado, que estrangeiros residentes na Faixa de Gaza entrem no Egito pela passagem fronteiriça de Rafah enquanto a ajuda humanitária não for autorizada a entrar no enclave palestino, à beira de uma catástrofe humanitária. Segundo fontes da emissora de televisão egípcia Al Qahera News, próximas da Inteligência do país, o Egito recusou-se a permitir a passagem de estrangeiros que se encontram em Gaza – um pedido que tem sido feito por vários países, inclusive o Brasil – depois que não se chegou a um acordo para que pudesse entrar ajuda para 2,2 milhões de pessoas na Faixa.

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De acordo com testemunhas citadas por esta emissora, um grupo indeterminado de cidadãos estrangeiros esperou várias horas na passagem fronteiriça sem obter qualquer resposta das autoridades egípcias. Nesta manhã as autoridades egípcias começaram a colocar blocos de cimento ao redor da fronteira com Gaza e a reforçar a segurança devido ao medo de ataques ou de possíveis tentativas de entrada no Egito a partir da Faixa, segundo disseram hoje à EFE fontes de segurança egípcias, que pediram anonimato, embora o governo não tenha comentado oficialmente esta ação.

A decisão do Egito é motivada pelo receio de um êxodo em massa, depois de Israel ter dado um ultimato à população de Gaza para se deslocar do norte da Faixa para o sul, o que poderá levar a cenas semelhantes às vividas na guerra de Gaza em 2009, que durou três semanas e levou muitos cidadãos palestinos a tentarem invadir a fronteira em busca de refúgio.

Material de ajuda médica enviado pela OMS já está perto da fronteira

Um avião carregado de material médico aterrissou em Al Arish, no Egito, perto da passagem de Rafah, para que a ajuda possa ser transferida para a Faixa de Gaza assim que as autoridades concedam o acesso através da fronteira, disse neste sábado o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo X (antigo Twitter).

Em um comunicado divulgado pelo escritório da OMS para o Mediterrâneo Oriental, foi detalhado que o avião transporta 78 metros cúbicos de material médico do centro logístico da organização em Dubai. Esse material inclui insumos para tratar cerca de 1,2 mil feridos e 1,5 mil pacientes que sofrem de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e problemas respiratórios, bem como elementos básicos essenciais para satisfazer as necessidades de cerca de 300 mil pessoas, incluindo mulheres grávidas.

Ghebreyesus assegurou que a organização está pronta para transportar suprimentos para Gaza “assim que o acesso humanitário for estabelecido através da passagem” de Rafah, a única saída da Faixa de Gaza que não é controlada por Israel e a única via para a entrada de ajuda humanitária para o enclave. A OMS ainda apelou a Israel para que reconsidere o pedido aos habitantes da Faixa Norte para se deslocarem ao sul, na iminência de uma operação militar terrestre. O deslocamento de mais de 1,1 milhão de pessoas é considerado “impossível” pelas Nações Unidas.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]