O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, no poder desde 1978, se recusou, ontem, a assinar um acordo que previa sua renúncia em 30 dias em troca de não ser julgado, ignorando a pressão diplomática internacional e os protestos civis.
Nas ruas, partidários de Saleh, armados com paus, bloquearam as principais vias da capital que levam ao palácio presidencial, onde estava prevista a cerimônia de assinatura do acordo na presença de um emissário do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). A oposição assinou o acordo no sábado, mas ontem Saleh exigiu que seus adversários assinassem junto a ele o acordo de transição, pondo assim um novo obstáculo ao plano de saída da crise.
Segundo a BBC Brasil, no entanto, o conselho suspendeu seus esforços para mediar a crise política poucas horas depois de Saleh ter se recusado a assinar o acordo, ainda no início da noite de domingo, alegando não existir mais condições para a iniciativa.
Ainda ontem à noite, na agência oficial de notícias do país Saba, a informação era a de que o presidente havia conversado com líderes do Golfo por telefone e havia dito que não se recusava a assinar o acordo, desde que isso fosse feito na presença da mídia, do CCG e dos Estados Unidos. Segundo ele, a oposição estaria forçando uma assinatura a portas fechadas e indicaria más intenções em relação ao ato.
A oposição assinou o documento na casa de um líder, que se negou a ir ao palácio presidencial. A imprensa não foi convidada à cerimônia. Saleh já recuou outras duas vezes de assinar o documento, embora tenha discursado por eleições presidenciais antecipadas.
O porta-voz do Fórum Comum (oposição parlamentar) Mohamed Qahtan, reiterou que a oposição não vai ao palácio presidencial. "A revolta vai se intensificar e Saleh acabará expulso do poder e humilhado", ameaçou Qahtan.
Protestos
Os partidários de Saleh, que exibiam retratos de seu líder, também bloquearam com pedras a estrada que leva ao aeroporto, assim como a via que culmina na Praça Tahrir, no centro de Sanaa, onde está situada a sede do governo.
Os oposicionistas se reuniram na Praça da Mudança, epicentro da contestação em Sanaa, no que se tornou a maior manifestação que a capital já conheceu para pedir a saída imediata do ditador. O protesto dá continuidade aos três meses de manifestações pela queda de Saleh, parte da onda de revoltas que varreu o mundo árabe e derrubou os ditadores do Egito e Tunísia.
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