Os socorristas não perdem as esperanças de encontrar sobreviventes nas aldeias do centro da Itália arrasadas pelo terremoto e lutavam para salvar ao menos uma vida nesta quinta-feira (25). Pelos 250 mortes já foram confirmadas.
“Vamos trabalhar o quanto for necessário. Não perdemos a esperança de encontrar gente viva”, disse à AFP Luigi D’Angelo, responsável da Defesa Civil de Amatrice, que coordena desde a madrugada de quarta-feira as operações de socorro.
Um tremor secundário forte de 4,3 graus de magnitude no início da tarde, de poucos segundos, provocou terror entre os bombeiros que trabalham na região.
Um grupo deles estava escavando dentro dos escombros de um edifício quando a terra voltou a tremer: um silêncio angustiante percorreu o ambiente. Um grito advertiu do lado de dentro que tudo estava bem, nenhum ferido, nenhuma viga caída. Seguiram escavando.
Para chegar à aldeia, que está dividida em dois, a imprensa pode se dirigir tanto a partir do norte quanto do sul, mas no meio se encontra o setor proibido, a zona morta, onde guindastes, escavadeiras e socorristas trabalham sem parar em busca de qualquer rastro de vida.
“A situação é muito pior que em uma guerra. Ficamos sem nada. Minha irmã não merecia esta morte”, afirmou entre lágrimas Rita Rosine, de 63 anos.
As cenas são apocalípticas e inexplicáveis. Um edifício de três andares ficou intacto, com exceção de sua fachada. Como se fosse uma casa de bonecas, é possível observar seus quartos, cozinhas, sala.
Os proprietários, incrédulos, tentam recuperar alguns pertences. Um idoso, acompanhado por uma jovem, sai com uma mala de rodinhas e uma grande televisão de tela plana. É um dos sobreviventes.
“Agora é preciso garantir habitação para todas as pessoas sem teto, montar tendas de campanha em todas as áreas afetadas”, explicou D’Angelo.
Nesta região montanhosa, a 150 quilômetros de Roma, o frio chega em setembro, razão pela qual é importante pensar rapidamente nos desabrigados.
As autoridades se apressam em informar que até agora não foi denunciado nenhum caso de roubo.
Socorro
Devido à dificuldade para chegar a estes povoados montanhosos, alcançados por estradas íngremes cheias de curvas, organizar os trabalhos de resgate foi complicado e complexo. Dezenas de veículos de todos os tipos, de ambulâncias a guindastes, incluindo escavadeiras, invadem a estreita estrada e complicam a organização. Além disso circulam muitos voluntários da Defesa Civil, militares, policiais, grupos de técnicos, engenheiros.
Mais de 6.000 efetivos buscam corpos nos três povoados arrasados pelo terremoto e muitos sabem que, com o passar das horas, diminuem as chances de encontrar gente com vida. No entanto, podem ficar orgulhosos deste trabalho titânico depois de ter retirado vivas 215 pessoas.
Sob uma tenda de campanha, a Cruz Vermelha distribui alimentos aos desabrigados: água, pão, biscoitos, iogurtes, fraldas, sabão, pasta de dentes, etc.
Os idosos parecem os mais esgotados depois de passar sua primeira noite ao ar livre. Alguns usam bengalas, em meio ao olhar perdido. Grupos de crianças brincam ao lado das barracas instaladas para alojar os corpos sem vida. Muitos deles estudavam na escola de Amatrice, remodelada recentemente e fechada devido às férias de verão, que desabou.
O corpo de uma jovem foi retirada dos escombros durante a noite diante dos olhares angustiados de seus pais. A escavadeira encontrou primeiro seus lençóis azuis e iluminou seu cobertor e as revistas em quadrinhos que adorava. Depois um lençol branco cobriu seu corpo e a dor invadiu até mesmo os socorristas mais experientes.
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