O projeto de lei de sanções unilaterais dos Estados Unidos contra o Irã, por enquanto, deixa a salvo a Petrobras, mesmo em caso de exportações de etanol ao mercado iraniano. Entretanto, o setor empresarial brasileiro foi avisado por senadores norte-americanos que, diante de qualquer gesto de fornecimento do produto ao Irã, uma emenda seria facilmente agregada ao texto para permitir a punição.
A proposta Dood-Berman começou a tramitar ontem no Congresso norte-americano e deve ser aprovada com certa facilidade. Assim como outras empresas do setor, a Petrobras sofreria sanções em caso de fornecimento de petróleo e derivados, especialmente gasolina, e se tivesse mantido o investimento no país, abandonado em 2009.
Companhias brasileiras de outros segmentos, entretanto, estarão sujeitas às represálias unilaterais dos Estados Unidos se fornecerem bens, serviços e tecnologia aos setores petroleiro e nuclear do Irã. O Brasil exportou US$ 1,218 bilhão no ano passado ao país.
A interpretação da lei, depois de aprovada, tende a ser flexível. O Brasil já foi advertido pela Casa Branca, na época da aprovação das sanções do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que seria punido se fossem registrados embarques de etanol ao Irã. A iniciativa, segundo um alto funcionário, iria "contra o espírito das sanções".
O projeto Dood-Berman amplia as sanções unilaterais de 1996 contra o Irã ao atingir também companhias estrangeiras que não atuam nos Estados Unidos. Na avaliação de especialistas, o texto é menos agressivo que as versões originais, mas terá maior impacto sobre a população iraniana.
"Essas sanções afetarão mais as pessoas comuns que a Guarda Revolucionária Iraniana ou os dirigentes", afirma Trita Parsi, especialista em Irã do Wilson Center e presidente do Conselho Nacional Iraniano-Americano.