As sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) à Coréia do Norte em virtude do teste com um artefato nuclear realizado no ano passado só serão retiradas se os norte-coreanos abandonarem seu programa de armas atômicas, afirmou um enviado dos Estados Unidos nesta sexta-feira.
Uma equipe de especialistas norte-americanos do setor nuclear deve comparecer na sexta-feira ou no sábado ao complexo nuclear da era soviética existente na Coréia do Norte.
A missão dessa equipe é dar início, segundo prevê um acordo internacional de desarmamento, à desativação de instalações que produzem plutônio apto a ser usado em armas nucleares, afirmou o enviado, Christopher Hill.
"As sanções continuarão em vigor até que a DPRK (Coréia do Norte) se livre de suas atividades atômicas", afirmou Hill a repórteres após reunir-se com o principal negociador norte-coreano para o setor. "É então que as sanções deverão ser revistas."
O Conselho de Segurança da ONU proibiu no ano passado as transações comerciais com a Coréia do Norte envolvendo material que pudesse ajudar o país em seus programas de armas.
A decisão foi tomada depois que o governo norte-coreano ignorou os avisos da comunidade internacional e realizou seu primeiro teste com um artefato nuclear, em outubro de 2006.
Os EUA podem lançar mão de seu poder de veto para bloquear qualquer tentativa de levantar as sanções.
Autoridades norte-americanas avaliam que a Coréia do Norte possui cerca de 50 quilos de plutônio. Esse montante, afirmam especialistas, é suficiente para a fabricação de seis a oito bombas.
Pelo acordo firmado com a Coréia do Sul, os EUA, a Rússia, o Japão e a China, a Coréia do Norte obrigou-se a, até o fim do ano, oferecer informações completas sobre seu material físsil e sobre o programa de armas nucleares.
O acordo também prevê a desativação da parte principal de seu programa nuclear - a desativação de um antiquado reator, de uma usina que produz combustível nuclear e de uma outra que transforma em plutônio combustível usado.
Apesar de essas medidas serem reversíveis, especialistas afirmam que elas impedirão a Coréia do Norte de retomar a produção de plutônio por ao menos um ano.
"A desativação, em essência, torna mais difícil e mais custoso retroceder no acordo", afirmou Hill. "Queremos que à desativação sigam-se o desmantelamento e o abandono (do programa nuclear)."
A Coréia do Sul pressiona os EUA e a China para que aproveitem a boa vontade da Coréia do Norte em relação ao cancelamento de seu programa nuclear selando um tratado de paz que substituiria o antigo armistício responsável por colocar fim à Guerra da Coréia (1950-1953).
Os EUA assinaram, junto com a China e a Coréia do Norte, o armistício na qualidade de líderes das forças da ONU.
Hill afirmou que seu país poderia dar início a um processo de elaboração de um tratado de paz. Mas ressaltou que a assinatura de um documento do tipo só ocorreria depois de a Coréia do Norte ter se livrado de seu programa nuclear.
"Não vamos selar um acordo de paz com uma Coréia do Norte armada com bombas nucleares", disse.