Ao apostar seu capital político num diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o presidente Juan Manuel Santos entra num terreno perigoso, considerando suas pretensões ainda não reveladas oficialmente de disputar a reeleição em maio de 2014.
"A maior parte da população sempre foi favorável ao diálogo para a solução do conflito, mas há uma enorme desconfiança das Farc. A população é cética, acredita pouco que possa funcionar", diz Rodrigo Pardo, jornalista e ex-chanceler no governo Ernesto Samper (1994-1998).
Para Pardo, a correlação de forças entre governo e guerrilha desde a última tentativa de conversa com as Farc mudou muito, com vantagem para o governo. "Há um Exército muito mais numeroso e forte, com apoio e tecnologia dos EUA e uma guerrilha encurralada geograficamente."
Ainda assim, ele vê riscos: "O risco maior é repetir erros do passado e deixar que o processo se prolongue muito no tempo e contamine o debate eleitoral de 2014", diz.
O presidente Juan Manuel Santos elencou ontem os êxitos militares de seu governo num esforço para blindar o processo das críticas sobre a piora das condições de segurança no país. "É muito mais do que tinha sido feito no passado", afirmou, contabilizando 18 chefes das Farc mortos desde 2010.
Segurança
A queda na avaliação de segurança foi um dos fatores da baixa na popularidade do mandatário colombiano, cujo primeiro sinal de alerta veio no final de junho. Santos obteve, segundo o Gallup, sua pior aprovação: 48%, ante 64% abril. Na segurança, a desaprovação cresceu de 51% para 69% no mesmo período.
Santos não revelou mais detalhes sobre as conversas com a guerrilha, que, segundo ele, não paralisarão os combates das Forças Armadas pelo país nem envolverão desmilitarização de território dois aspectos criticados no processo fracassado de 1998.