O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, admitiu nesta sexta-feira (10) que autorizou pessoalmente duas viagens do líder máximo das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timochenko", a Havana, sede dos diálogos de paz, apesar de haver contra ele uma ordem internacional de captura. Sabedor de seu paradeiro em pelo menos duas dessas ocasiões, o presidente concedeu permissão ao chefe da guerrilha para se reunir com a delegação das Farc.

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"Para que (os negociadores da guerrilha) não demorem quatro meses em consultas para cada decisão, autorizei duas vezes que o senhor 'Timochenko' viajasse, porque a mim interessa que os problemas sejam resolvidos rapidamente", confirmou Santos. Suas declarações indicam que foi aberto um parêntese a uma máxima várias vezes repetida pelo presidente, de que as operações da polícia contra a guerrilha continuariam enquanto durarem as negociações de paz, que as partes acordaram fazer sem um cessar- fogo prévio.

No entanto, apesar do compromisso público de continuar a perseguição contra a guerrilha, que "nos últimos quatro anos deu mais duro que em qualquer outro momento de sua história", o presidente permitiu a saída do líder guerrilheiro, que segundo a imprensa local poderia ter viajado a partir da Venezuela.

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O esquivo "Timochenko", que assina seus comunicados "das montanhas da Colômbia", mas cuja localização real continua sendo um mistério, poderia estar escondido na Venezuela há vários anos amparado por uma permissividade que foi denunciada, entre outros, pelo atual vice-presidente da Colômbia, Germán Vargas Lleras, em 2010. Santos ressaltou que esta aparente concessão a "Timochenko" não significa que tenha "baixado a guarda em um só milímetro" para as Farc, e que o máximo chefe guerrilheiro nunca chegou a participar das negociações.

É a mesma versão dada na primeira hora de pelo ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, diante da repercussão que a revelação da viagem de "Timochenko" teve no país. Outro dos grandes críticos ao processo de paz, o ex-presidente e agora senador Álvaro Uribe, reagiu, em sua conta no Twitter, ao afirmar que Santos "mente para o país, engana as Forças Armadas e entrega Colômbia às Farc".

Do lado oposto, o partido de esquerda Polo Democrático Alternativo (PDA) e o governista Partido do U receberam a informação com naturalidade. A líder do PDA, Clara López, assinalou que "não há nada novo" com as viagens de "Timochenko" a Havana, que são parte do processo de negociação. "Para mim parece ser muito importante que o faça (sobre a viagem do líder guerrilheiro), deve fazê-lo, faz sentido o chefe das Farc viajar para se reunir com os delegados do grupo guerrilheiro que representa", disse.

Enquanto, o senador do U Armando Benedetti, considerou que estas viagens são uma "amostra da vontade das Farc para fazer a paz". E o co-presidente da Comissão de Paz, senador Roy Barreras, viu esta situação como uma garantia no processo de diálogo.

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