Paris Num enorme congresso realizado ontem em Paris, o ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, foi formalmente proclamado candidato à Presidência da França pela conservadora União por um Movimento Popular (UMP), do presidente Jacques Chirac. O evento esquenta a corrida para as eleições de abril e maio.
Sarkozy, de quase 52 anos, obteve o apoio de cerca de 98% dos membros do partido que participaram da prévia, iniciada no último dia 2. O nome do ministro do Interior era o único da lista após a desistência dos adversários mais fortes. Agora, a corrida será contra a candidata socialista Segolène Royal, a principal concorrente da esquerda.
Estima-se que 69,06% dos 338.520 filiados do UMP aptos a votar participaram do pleito.
Em um discurso para dezenas de milhares de pessoas após a consagração de sua candidatura, Sarkozy agradeceu a seus apoiadores, dizendo que "não tenho o direito de falhar".
O anúncio da candidatura de Sarkozy coloca este "teimoso" e polêmico filho de imigrantes húngaros a apenas um passo do emprego que ele desejou durante toda a sua vida.
Mas, nos próximos três meses, Sarkozy e sua adversária Segolène terão ao menos uma tarefa difícil pela frente: ambos precisarão manter seus partidos unidos, além de ganhar o apoio dos moderados e radicais das agremiações.
Independentemente de quem ganhar, o próximo presidente da França iniciará uma nova era após os 12 anos do governo de Jacques Chirac. Embora legalmente possa voltar a concorrer, Chirac não parece propenso a disputar um terceiro mandato. Muitos eleitores esperam que seu novo líder encontre uma direção renovada para uma nação preocupada com seu futuro na Europa e no mundo. O presidente terá pela frente um país cada vez mais visado por terroristas internacionais e ferido por taxas de desemprego cada vez mais altas entre sua crescente população de descendentes de africanos, asiáticos e muçulmanos.
A convenção de ontem, que custou US$ 4,5 milhões ao conservador UMP, busca dar uma ampla projeção a Sarkozy antes que a corrida pelo Palácio do Eliseu de fato ganhe as ruas. Dezenas de milhares de filiados do partido lotaram um centro de conferência no sul de Paris, muitos trazidos de outras cidades francesas.
Antes das eleições, porém, um dos maiores desafios de Sarkozy será conquistar o apoio das lideranças mais conservadoras do partido, entre eles o primeiro-ministro Dominique de Villepin e o próprio Chirac, que por enquanto não endossou a candidatura.
"Eu precisarei e a França precisará de todos aqui", disse o ministro do Interior durante a convenção.