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A largada da campanha francesa foi dada, e os candidatos não perderam tempo a 65 dias das eleições. Na quinta-feira, um dia depois do anúncio do presidente Nicolas Sarkozy de que é candidato à reeleição, seu maior adversário, o socialista François Hollande, que lidera em todas as sondagens, foi à principal rede de TV da França, a TF1, detonar a principal proposta do mandatário: criar e valorizar o trabalho dos franceses.

"Mais um milhão de pessoas perderam o emprego no governo Sarkozy. Onde está o valor do trabalho?", perguntou.

Declarado como um derrotado pelas sondagens, Sarkozy, no seu primeiro discurso como candidato, na cidade de Annecy, denunciou que Hollande "mente da manhã até a noite" aos franceses. Sem pronunciar o nome do socialista, ele acusou o adversário de ter um duplo discurso sobre o mundo das finanças. E debochou da declaração de Hollande ao jornal inglês "Guardian", de que "não há mais comunistas na França".

"Esta mentira não o honra", disparou o presidente.

Diante de uma plateia de entusiastas, Sarkozy criticou as principais propostas do adversário da esquerda, como a ideia de "renegociar os tratados europeus". Isso, segundo o presidente, vai levar o país a não respeitar os compromissos que assumiu com seus aliados. Sarkozy chamou a atenção para a crise sem precedentes no mundo, que ele está tendo de enfrentar - uma forma de responder aos ataques socialistas, que o acusam de ter governado mal e afundado a França em cinco anos.

"Este acúmulo de crise marca o fim de um mundo que reluta em morrer, e um novo mundo que está tendo dificuldades para nascer. Tudo tem que ser reinventado. Não podemos construir um novo mundo, uma nova Europa, com as ideias de ontem", disse Sarkozy.

O presidente insistiu na necessidade de reformas e prometeu "dar a palavra ao povo", isto é, convocando referendos. Ele promete vários, entre eles, um sobre os direitos e deveres do desempregado. Sarkozy quer tornar obrigatório, por exemplo, a formação de desempregados.

"Eu me recuso a limitar a duração do auxílio-desemprego. Mas não podemos continuar com um sistema passivo de indenização que faz o desempregado afundar num sistema de assistencialismo", alertou.

François Hollande não perdeu a oportunidade de ironizar o rival, no principal telejornal da noite, entrevistado pela mesma jornalista da TF1 que sabatinara Sarkozy na noite anterior.

"Quando escuto o presidente dar lições de gestão, isso me faz rir", disse Hollande.

"Sarkozy é evidentemente o homem da crise, e eu vou ser o presidente da saída da crise."

Com as sondagens mostrando a candidata da extrema-direita francesa Marine Le Pen, da Frente Nacional, em terceiro lugar, com 20% das intenções de voto, a campanha de Sarkozy vai dar uma guinada à direita. E o presidente vai buscar votos onde a direita mais se incomoda: em temas controversos, como imigração.

Sarkozy quer dificultar a concessão de papéis para estada na França de pessoas que se casam com franceses (na sua maioria, imigrantes das ex-colônias francesas da África). E também promete endurecer as condições de concessão de benefícios a quem pede asilo político. Esclarecendo que não acredita em fechamento de fronteiras nem em "imigração zero", Sarkozy garantiu, entretanto, que vai combater a imigração ilegal.

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