Laurent Gbagbo deve renunciar à presidência da Costa do Marfim até o final desta semana ou enfrentará sanções internacionais, disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, nesta sexta-feira (17), denunciando como escandalosa a atitude de Gbagbo.
Gbagbo e seu rival, o líder oposicionista Alassane Ouattara, estão envolvidos em uma disputa pelo poder. Os dois reivindicam vitória nas eleições presidenciais de 28 de novembro.
Apesar do propósito de reunificar o país após a guerra civil entre 2002 e 2003, as eleições aprofundaram as divisões na Costa do Marfim, a maior produtora de cacau do mundo.
Ouattara, ex-primeiro-ministro, é reconhecido amplamente no exterior como o vencedor legítimo das eleições.
'Não há outra opção para o sr. Gbagbo a não ser deixar rapidamente a posição de poder que ele está usurpando', disse Sarkozy durante uma coletiva de imprensa realizada ao final da cúpula da União Europeia.
'Laurent Gbagbo e sua mulher têm seu destino em suas mãos. Se Laurent Gbagbo não renunciar antes do final desta semana, seu posto será uma violação da vontade do povo marfinense, seus nomes serão colocados na lista de sanções.'
Os aliados de Ouattara pediram aos marfinenses nesta sexta-feira que sigam até Abidjã, principal cidade do país, para assumir o controle do prédio da emissora estatal de rádio e TV, o que provocou temores de maior violência.
Pelo menos dez manifestantes morreram na quinta-feira tentando ocupar o prédio, onde foram rechaçados por tropas governistas que usaram munição real. No centro de Abidjã, militantes pró-Ouattara trocaram tiros com as forças leais a Gbagbo.
O governo diz que pelo menos 20 pessoas morreram nos protestos de quinta-feira em Abidjã, sendo dez manifestantes e dez soldados e policiais. O governo paralelo comandado por Gbagbo afirma que 14 manifestantes foram mortos.
Em Tiebissou, na região central do país - bem no limite entre as zonas dominadas por rebeldes no norte e as áreas governamentais do sul -, um tiroteio entre forças ligadas aos dois candidatos durou várias horas.
Sarkozy criticou duramente a atitude de Gbagbo e sugeriu que ele poderia ser perseguido pelo Tribunal Penal Internacional.
'Depende do sr. Gbagbo decidir que imagem ele quer deixar para a história. Ele quer deixar a imagem de um homem de paz? Ainda há tempo, mas o tempo está passando e ele deve sair', disse ele.
'Ou ele quer deixar a imagem de alguém que permitiu que civis totalmente inocentes levassem tiros? Neste caso, existem jurisdições internacionais como o Tribunal Penal Internacional, onde o próprio promotor diz estar observando de perto a situação e que aqueles dando ordens para atirar serão responsabilizados.'