O presidente da França, Nicolas Sarkozy, realizou mudanças no governo nesta segunda-feira, após uma derrota humilhante que sofreu para a esquerda nas eleições regionais, informou o seu escritório. Enquanto Sarkozy anunciava as mudanças, vários sindicatos franceses anunciaram greve para a terça-feira, a qual deverá interromper parcialmente os serviços ferroviários e fechar escolas no país. Uma passeata de protesto contra as reformas defendidas por Sarkozy deverá acontecer em Paris. No total, o partido do presidente foi derrotado pelos socialistas em 23 das 26 regiões administrativas do país.

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A pequena mudança ministerial, na qual o ministro do Trabalho, Xavier Darcos, foi removido do cargo e substituído pelo ministro do Orçamento, Eric Woerth, aconteceu um dia após os eleitores terem punido o partido de direita de Sarkozy, a União por um Movimento Popular (UMP). François Baroin substituirá Woerth como ministro do Orçamento, informou um comunicado do escritório de Sarkozy.

"No geral, essas eleições são um sério alerta para Sarkozy antes das eleições presidenciais", disse Emmanuel Rivière, um pesquisador no instituto TNS. "Quando alguém perde uma eleição na metade do mandato, perde também as próximas eleições presidenciais ou a próxima eleição para a Assembleia Nacional (parlamento)."

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As eleições regionais poderão fortalecer os possíveis rivais de Sarkozy nas próximas eleições presidenciais - no campo socialista, o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, e no campo conservador, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin. As próximas eleições presidenciais acontecerão em 2012. Villepin, arqui-inimigo de Sarkozy, poderá anunciar a criação de um novo partido político conservador na quinta-feira, disse o parlamentar François Goulard, que integra o grupo ClubVillepin.

Com 99,6% dos votos contados, os socialistas e seus aliados de esquerda conquistaram 53,8% dos sufrágios na França inteira, enquanto o UMP de Sarkozy obteve 35,5% dos votos, de acordo com o Ministério do Interior. A abstenção caiu nas eleições regionais, para 51% no segundo turno do domingo passado e para 46% no primeiro turno uma semana antes.

O partido de extrema-direita, Frente Nacional, também avançou nas eleições. O partido obteve entre 13% e 22% dos votos nas 12 regiões onde participou do segundo turno no domingo.

As eleições deram aos socialistas o controle de 23 das 26 regiões francesas. O UMP manteve o controle da Alsácia, mas perdeu o governo da Córsega, e venceu as eleições na Guiana Francesa, na América do Sul, e na região administrativa da Ilha da Reunião, no Oceano Índico.

Paralização

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Uma greve na terça-feira poderá interromper parcialmente o serviço ferroviário, paralisar os Correios e manter fechadas as escolas na França. Os trabalhadores ferroviários lançaram a greve no final da tarde desta segunda-feira e o movimento deverá interromper o tráfego de um terço dos trens de alta velocidade na França, os TGV, informou a estatal Société Nationale des Chemins de Fer Français (SNCF). Segundo a estatal, o serviço ferroviário para a Grã-Bretanha, Bélgica e Holanda não será afetado. O Metrô de Paris calcula que dois a cada três trens irão circular na terça-feira.

Os sindicatos franceses afirmam que os planos de Sarkozy não oferecem respostas satisfatórias a respeito dos empregos, salários, poder de compra e condições de trabalho - e eles esperam enviar a mensagem logo após as eleições regionais. Foram planejadas manifestações para o país inteiro e a principal deverá ocorrer nesta terça-feira na capital francesa.

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