As grandes potências globais deveriam estabelecer o mês de dezembro como prazo para o diálogo com o Irã, para então, se necessário, adotar novas sanções ao país, disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em uma entrevista pela TV nesta quarta-feira (23).
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) já exigiu que o Irã suspenda seu programa de enriquecimento de urânio devido à suspeita de vários governos de que o país estaria desenvolvendo armas nucleares. Teerã rejeita a exigência, alegando que suas atividades se destinam exclusivamente à geração de eletricidade com fins civis e que o país está comprometido com salvaguardas de não-proliferação de armas atômicas.
Mesmo assim, a República Islâmica aceitou retomar a partir de 1o de outubro um diálogo envolvendo EUA, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia e China.
Falando em Nova York, onde participa da sessão anual da Assembleia Geral da ONU, Sarkozy disse que o diálogo com o Irã não vai bem. "Haverá um prazo, que na minha cabeça é o mês de dezembro."
Em seu discurso na ONU após a entrevista, Sarkozy disse que o Irã cometerá um "trágico engano" se achar que o mundo não vai reagir ao seu programa nuclear.
O presidente francês, um dos mais duros críticos do governo iraniano, também rejeitou a sugestão de Teerã de que Paris deveria aceitar uma troca de prisioneiros para conseguir a libertação de uma assistente de ensino francesa acusada de espionagem.
"Não, isso é chantagem", disse Sarkozy.
Clotilde Reiss está sob liberdade condicional e permanece na embaixada da França em Teerã enquanto aguarda o seu veredicto, como parte de um julgamento coletivo em que é acusada de participar de um suposto complô ocidental para desestabilizar o Irã depois das polêmicas eleições presidenciais de junho.
Em entrevista transmitida na terça-feira pelo canal France 2, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sugeriu que a libertação de prisioneiros iranianos na França facilitaria a soltura de Reiss.
Ele não citou nomes, mas um dos mais conhecidos presos iranianos na França é Ali Vakili Rad, condenado em 1994 pelo assassinato, três anos antes, de Shapour Bakhtiar, que havia sido primeiro-ministro da monarquia do xá do Irã.
Sarkozy afirmou que não aceitaria a troca porque "Clotilde Reiss é inocente." "Vocês acham que eu sou alguém que troca o assassino de Shapour Bakhtiar por uma jovem estudante francesa cujo crime é falar a língua iraniana e amar a civilização persa?"
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