O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu nesta quarta-feira a colaboração dos sindicalistas para preparar reformas trabalhistas durante uma "cúpula de crise social" convocada por ele a três meses das eleições presidenciais no país.
Os sindicalistas foram recebidos por Sarkozy no Palácio do Eliseu, mas deixaram claro que não têm interesse em acelerar a adoção do acordo durante a campanha eleitoral, embora queiram avanços em questões como formação profissional ou redução de jornadas e salários em épocas de crise.
"Tenho 15 propostas concretas a fazer a respeito de medidas para formação, empregos, desemprego e emprego em período parcial", disse o presidente do sindicato Force Ouvrière, Jean-Claude Mailly.
"Quanto ao resto, não vou da minha parte endossar ideias que sejam economicamente perigosas e socialmente perigosas", acrescentou.
A França acaba de perder sua nota de crédito AAA, e está à beira de uma recessão. Nesse cenário, Sarkozy diz que a "cúpula da crise social", reunindo patrões e empregados, seria uma oportunidade de enfrentar o desemprego elevado.
Mas a proximidade das eleições dificulta a possibilidade de uma discussão franca em áreas nas quais economistas dizem que poderia haver reformas, como as restritivas leis trabalhistas, a jornada semanal de 35 horas e o papel dos sindicatos nas negociações salariais.
"Não vamos a essa cúpula para negociar reformas estruturais", disse o dirigente da central CFDT, Laurent Berger, ao jornal Le Figaro, antes da reunião de quarta-feira. "Três meses antes de uma eleição presidencial não é hora de tomar medidas impulsivas."
Os sindicalistas se opõem principalmente às propostas do governo de elevar as alíquotas do IVA (imposto sobre valor agregado) e desonerar a folha de pagamentos. O jornal econômicos Les Echos disse nesta quarta-feira que o governo deve, mesmo sem o aval dos sindicatos, elevar a alíquota do IVA em 2 pontos percentuais.
Sarkozy chega ao final do mandato com o desemprego próximo do seu maior índice em 12 anos, e estatísticos do governo dizem que a economia atravessa atualmente uma recessão que deve ser curta e branda.
Na semana passada, a agência de rating Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito da França de AAA para AA+, por causa da "rigidez do mercado de trabalho".
Sarkozy ainda não anunciou oficialmente se será candidato à reeleição, e as pesquisas mostram que ele correria o sério risco de ser derrotado nas urnas.