Imagens do satélite Formosat-2 permitem a identificar desmatamentos de apenas 4 metros quadrados| Foto:

Se dependesse apenas da tecnologia, o desmatamento na floresta amazônica poderia ser facilmente controlado. Um dos maiores exemplos disso é o sistema de monitoramento que está sendo aos poucos implantado no Acre.

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Utilizando imagens do satélite Formosat-2, que consegue captar derrubada de áreas de apenas 4 metros quadrados, os dados de desmatamento podem ser sobrepostos aos mapas digitais das propriedades rurais. Assim, é possível saber quem é o responsável pela derrubada de cada pequeno pedaço da mata.

Segundo o secretário de Meio Ambiente do Acre, Eufram Amaral, o estado utiliza um sistema de alta resolução (que capta imagens muito ricas em detalhes) porque a maior parte da devastação ocorrida no estado acontece em pequena escala. "Oitenta por cento do desmatamento ocorre em derrubadas de até 5 hectares", informa.

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Em teoria, o estado teria o controle absoluto de qualquer destruição de floresta ocorrida em seu território. Na prática isso não ocorre porque a maior parte das propriedades ainda não está georreferenciada (seus limites não foram medidos com a ajuda de satélites). "Temos cerca de 40 mil propriedades. Dessas, cerca de 40% está georreferenciada", contabiliza Amaral.

Outra barreira para o controle absoluto é o alto custo das imagens e do trabalho de acompanhamento, feito por técnicos especializados. "A gente não está monitorando todo o estado. Cerca de 80% do processo de ocupação está no leste, e são essas áreas que estamos cobrindo", explica o assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), William Flores.

Para baratear o custo de monitoramento, o estado optou por usar imagens do satélite Spot 4 para vigiar a fronteira com o Peru e a região noroeste do estado. As fotos tiradas com esse equipamento permitem a detecção de desmatamentos de 20 x 20 m.

Incentivo a produtores

Além de acompanhar os níveis de desmatamento estaduais, o sistema de satélites do Acre também está sendo utilizado para ajudar na concessão de licenças ambientais. Se um produtor rural quer uma autorização para desmatar 20% da sua propriedade (percentual máximo permitido por lei na Amazônia), por exemplo, a Sema tem condições de verificar, por satélite, se a área realmente tem mata.

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Uma outra finalidade das fotografias tiradas do espaço é conseguir verificar quem está cumprindo os acordos ambientais firmados com o estado. Hoje, o Acre dá incentivos para os produtores que recuperam suas áreas de proteção ambiental. Para conseguir os benefícios, contudo, o dono das terras tem que informar ao governo a localização exata (georreferenciada) da sua propriedade, para que a fiscalização possa ser feita por satélite. "Temos cerca de 230 propriedades inseridas nesse programa", informa o secretário de Meio Ambiente.

Para o futuro, os técnicos da Sema prevêem um uso mais intenso das fotografias espaciais. Um exemplo disso pode ser a fiscalização de um futuro "pagamento por serviços ambientais" no estado, por meio do qual proprietários que mantivessem a floresta em pé além do exigido por lei receberiam pagamento por isso. A fiscalização – que precisa ser rígida – seria feita por satélites.