Os membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), inclusive os Estados Unidos, deveriam considerar que seus adversários já se infiltraram em seus satélites, devido à exposição de sua infraestrutura espacial, apontou um novo estudo do think tank britânico Chatham House, liderado por Beyza Unal, doutora especializada em políticas nucleares e cibernéticas.
Para entender esta vulnerabilidade a ciberataques, antes é preciso saber que todos os satélites dependem da tecnologia cibernética e que a arquitetura baseada no espaço é fundamental para o fornecimento de dados e serviços em operações e missões da Otan, seja na terra, no mar ou no ar. Segundo o estudo, quase todos os engajamentos militares modernos dependem de satélites.
Um exemplo: durante a invasão do Iraque, liderada pelos Estados Unidos em 2003, 68% das munições americanas foram orientadas utilizando sistemas espaciais, como munições guiadas por satélites, laser e infravermelho.
O uso desta tecnologia, por sua vez, está cada vez mais dependente do setor privado: também no Iraque, entre 2003 e 2011, houve um aumento de 560% na dependência dos Estados Unidos de satélites comerciais para fins militares.
De acordo com Unal, frequentemente esses satélites comerciais não são construídos com os mesmos padrões rígidos de segurança de seus equivalentes militares, portanto podem estar vulneráveis a ciberataques. Adversários também poderiam se infiltrar em estações de controle no local, explorando funcionários em postos militares ou empresas privadas.
Embora os pesquisadores não apontem falhas específicas de segurança, eles afirmam que a atual infraestrutura espacial dos aliados da Otan está cada vez mais vulnerável a ataques e que essas fraquezas “ainda não receberam a atenção que merecem”.
“No caso de uma escalada de crise, como na Ucrânia, no Oriente Médio ou no sul da Ásia, a suposição é de que os sistemas de armas terão o desempenho planejado. Mas isso não deve ser considerado como algo garantido”, escreve Unal. Além disso, é preciso levar em conta que a tecnologia cibernética está acessível em grande parte do mundo, nivelando a disputa e criando oportunidades para que países fora da Otan, como China, Rússia e Coreia do Norte, lancem ataques sobre ativos estratégicos dos aliados.
Para melhorar a resiliência dos sistemas, os pesquisadores do Chatham House indicam quatro pontos: 1) incorporar backups terrestres para sistemas de orientação ou investir em sistemas quânticos para comunicação segura; 2) investir em sistemas de garantia/redundância; 3) aumentar a capacidade de reação; 4) treinar as capacidades humanas e incorporar tecnologias emergentes, especialmente inteligência artificial.
Ciente dos desafios desta área, os Estados Unidos criaram uma Força Espacial, um investimento que deve custar US$ 3,6 bilhões nos próximos cinco anos e que deve estar pronto e funcionando até 2020.
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