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Novas charges do semanário satírico francês “Charlie Hebdo”, desta vez sobre a queda do Airbus A321 da Metrojet no Egito, irritaram as autoridades russas.

Um dos desenhos mostra partes de um avião e um passageiro caindo do céu sobre um homem barbado que aparentemente veste uma túnica islâmica e carrega uma metralhadora. No topo desta charge, lê-se: “Daesh: a aviação russa intensifica seus bombardeios”. Daesh é o acrônimo em árabe que se refere à milícia radical Estado Islâmico (EI), que controla partes da Síria e do Iraque.

E se o Estado Islâmico tiver mesmo derrubado o avião russo?

Se o Estado Islâmico (EI) realmente plantou uma bomba ou qualquer um de seus afiliados egípcios teve alguma responsabilidade na derrubada do avião russo na Península do Sinai, na semana passada, isso seria uma péssima notícia para o presidente Vladimir Putin, tanto interna quanto externamente.

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Em outra charge, as alfinetadas foram direcionadas a russos e franceses: um avião é mostrado em chamas com a legenda “os perigos dos voos de baixo-custo russos”; à frente, uma caveira diz “deveria ter voado com a Air Cocaína” -- uma referência a um escândalo recente em solo francês em que uma aeronave cheia de cocaína foi apreendida.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres nesta sexta-feira (6) que considera as caricaturas “blasfêmia”.

Parlamentares russos também expressaram sua irritação em relação aos desenhos, pedindo para o governo classificar o semanário como literatura extremista e para as autoridades francesas se retratarem.

Rússia vs. Estado Islâmico

A Rússia iniciou no fim de setembro uma campanha de ataques aéreos contra posições do EI na Síria a pedido do ditador Bashar-al-Assad.

O grupo extremista Província do Sinai, filial do EI no Egito, afirmou que teria abatido o avião da companhia russa Metrojet “em resposta aos ataques aéreos russos que mataram centenas de muçulmanos nas terras sírias”.

Autoridades do Reino Unido e dos Estados Unidos sustentam a hipótese de que o Airbus teria sido derrubado por uma bomba posta por extremistas na aeronave. Egito e Rússia pedem que “especulações” sobre o incidente sejam evitadas até a conclusão da investigação oficial.

Charlie Hebdo

As charges sobre a queda do Airbus foram publicadas na mais recente edição do “Charlie Hebdo”. Conhecido por charges polêmicas, o semanário parisiense se reestruturou depois que 12 pessoas morreram em um ataque de radicais islamitas contra sua redação, em janeiro. O atentado ocorreu depois de a publicação reproduzir caricaturas de Maomé, profeta do islamismo.

Em setembro, o jornal causou alvoroço com uma série de desenhos críticos que retratavam um menino refugiado sírio morto em uma praia turca.

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