Berlim "Os russos têm nostalgia da época de superpotência e por isso vêem com simpatia a demonstração de força de Putin", disse a cientista política Galina Mihaleva, da diretoria do partido de oposição Yabloko.
A senhora vê o risco de uma nova Guerra Fria entre Rússia e EUA?
Galina Mihaleva A nova Guerra Fria só pode ser psicológica porque a Rússia não tem mais condições de se medir militarmente com os EUA. Putin procurou com o seu discurso de Munique, criticando os EUA, explorar a tendência que existe atualmente na Rússia. Com a melhora da situação econômica, muitos passaram a ter uma certa nostalgia da época de superpotência. Mas isso não é uma política realista. As Forças Armadas e a indústria armamentista não são mais o que eram na época soviética. Os melhores especialistas deixaram o país em busca de mais dinheiro nos exterior.
Como a oposição vê a nova política externa russa?
A oposição não está de acordo, mas sua voz não interessa na Rússia porque não há eleições livres. A oposição está encolhendo. O nosso partido, Yabloko, é o único que faz oposição real ao Kremlin. Mas como não há uma imprensa livre, não conseguiu entrar para o Parlamento nas últimas eleições.
A Rússia pode reagir ao sistema de escudo antimísseis na Polônia e na República Tcheca cortando o fornecimento de petróleo e gás para a União Européia?
Não. A Europa Ocidental é dependente da Rússia, exatamente por causa do fornecimento de petróleo e gás, mas a Rússia também depende da Europa e do Ocidente. O país precisa de investimentos de fora para modernizar o parque industrial. Mesmo mais de 15 anos após o fim do comunismo, há ainda déficit em muitos setores.
Por que a maioria apóia o partido de Putin e aliados?
A maioria está preocupada em sobreviver e pensa que o que o governo faz é certo. Há na Rússia uma pequena camada riquíssima, mas a vida da maioria da população é muito dura. Putin quer impressionar os russos, com relações públicas, para que sintam que vivem numa superpotência.
A nova ambição de superpotência é, então, parte da campanha eleitoral?
Também. Putin já tem possíveis sucessores, mas não sabe ainda se deixa a política. Quem deixa a política na Rússia, perde o poder e o dinheiro. E há também uma elite, dos antigos oligarcas, que tem medo de perder seus privilégios com uma mudança no Kremlin.
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