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Pílula abortiva

Secretário de Saúde dos EUA diz que governo já recorreu de decisão que proíbe mifespristona

Secretário de Saúde dos EUA, Xavier Becerra, afirma que decisão da Justiça do Texas abre precedente para proibição de outros medicamentos. (Foto: US Department of Labor/Wikimedia Commons)

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Depois de o presidente Joe Biden ter prometido lutar contra decisão de um juiz do estado norte-americano do Texas que proibiu a pílula abortiva mifespristona nos EUA na última sexta-feira (7), o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Xavier Becerra, veio a público neste domingo (9) dizer que o governo fará "todo o possível" para que a pílula abortiva continue disponível no país. Segundo ele, o governo já recorreu da decisão.

"Faremos todo o possível para garantir que permaneça disponível não apenas nesta semana, mas no futuro, porque a mifepristona é um dos medicamentos mais seguros e eficazes", disse o secretário do governo do presidente Joe Biden em entrevista à emissora CNN.

Becerra considerou que é "imprópria para os Estados Unidos" a ordem emitida na sexta-feira pelo juiz federal texano Matthew Kacsmaryk para que a Food and Drug Administration (FDA, órgão semelhante à Anvisa no Brasil) retire o aval sanitário à pílula, comercializada desde o ano 2000 nos EUA.

Para ele, a decisão afeta não somente a permissão da mifespristona, mas abre precedente também para decisões semelhantes referentes a outras drogas aprovadas pela FDA nos EUA. “Estamos falando sobre todo tipo de medicamento. Estamos falando sobre nossas vacinas, sobre insulina, sobre novas drogas para o Alzheimer que estejam por vir”, disse à rede de notícias.

O juiz do Texas, indicado pelo ex-presidente Donald Trump, deu prazo de uma semana para a entrada em vigor da decisão, para que o governo Biden tenha tempo de recorrer.

O secretário de Saúde antecipou hoje que o governo já recorreu da decisão de Kacsmaryk e que "todas as opções estão sobre a mesa", incluindo a possibilidade de que a FDA ignore a ordem.

“Queremos que as mulheres continuem tendo acesso a este medicamento que se mostrou seguro. Milhões de mulheres o usaram em todo o mundo”, ressaltou. Na decisão, o juiz alega que a FDA aprovou a mifepristona sem considerar o "impacto negativo" do medicamento na saúde.

Os Estados Unidos vivem uma batalha política e judicial sobre o aborto desde que a Suprema Corte, de maioria conservadora, derrubou o direito constitucional ao aborto em junho do ano passado. Depois disso, dezenas de estados governados por republicanos restringiram a prática.

De acordo com o Instituto Guttmacher, 54% das interrupções de gravidez nos Estados Unidos em 2022 foram com pílulas abortivas como mifepristona ou misoprostol.

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