Muitos sudaneses podem se tornar apátridas, privados de direitos básicos como o acesso a empregos e educação, se o Sudão e o Sudão do Sul não assegurarem cidadania a todos os seus habitantes depois da secessão formalizada em julho, disse nesta quinta-feira o alto comissário da ONU para refugiados, Antonio Guterres.
O Sudão descartou a concessão de dupla cidadania para os sulistas, e no mês passado o Parlamento sudanês aprovou em primeira votação um projeto que cancela a cidadania de quem assumir a nacionalidade do recém-independente Sudão do Sul.
Isso gera incertezas para centenas de milhares de sulistas radicados há décadas no norte, e, segundo analistas, pode causar novas tensões entre os dois lados, que encerraram em 2005 uma guerra civil e ainda precisam demarcar sua fronteira.
Nesta quinta-feira, o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançou uma campanha chamando a atenção para o drama dos estimados 12 milhões de apátridas do mundo.
"Tememos que muita gente que havia estabelecido relações duradouras no norte (do Sudão) e tem poucos contatos no sul pode ficar num limbo se sua nacionalidade não for reconhecida (por nenhum dos dois Estados)", disse Guterres em entrevista ao AlertNet, um serviço mundial de notícias humanitárias da Fundação Thomson Reuters.
Guterres disse que o Acnur está discutindo com os dois governos para que todos os sudaneses tenham uma nacionalidade, "para evitar o que aconteceu, por exemplo, na dissolução da União Soviética no passado."
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura