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Impasse

Secretário americano tenta mediar crise em Honduras

Funcionária prepara urna para eleições. Pleito pode não ser reconhecido pela comunidade internacional | Oswaldo Rivas/ Reuters
Funcionária prepara urna para eleições. Pleito pode não ser reconhecido pela comunidade internacional (Foto: Oswaldo Rivas/ Reuters)

Washington - O subsecretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, chega hoje a Honduras com a difícil missão de dar novo impulso ao chamado diálogo de Guaymuras, negociação sobre a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya, iniciada há três semanas.

A visita, anunciada hoje pelo Departamento de Estado dos EUA, ocorre em um momento de im­­passe nas negociações travadas restando apenas um mês para a realização de eleições presidenciais em Honduras.

Ao anunciar o envio de Shan­­non a Tegucigalpa, o porta-voz da chancelaria americana, Ian Kelly, qualificou o impasse em Hondu­­ras como "urgente".

Shannon foi designado pelo presidente dos Estados Unidos, Ba­­rack Obama, para ocupar o posto de embaixador do país no Brasil, mas o trâmite da nomeação está travado no Senado americano.

Em retaliação ao apoio de Oba­­ma a Zelaya, a oposição republicana recusa-se a confirmar Shannon para o cargo, assim como o novo chefe da diplomacia para a Amé­­rica Latina, Arturo Valenzuela.

Enquanto isso, uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada nesta terça-feira indica que 76% dos hondurenhos acreditam que a eleição é a solução para a crise. A mesma sondagem mostra o candidato Porfírio "Pepe" Lobo, do Partido Nacional, 16 pontos à frente do governista Elvin Santos, do Partido Liberal.

Insurgência?

Apesar de o governo de Roberto Micheletti reiteirar não ser uma ditadura militar, as forças do Exército sofreram ataques cujas características lembram ações guerrilheiras. Não há, porém, informações sobre quem seriam os au­­tores desses ataques.

O pai do vice-ministro da De­­fesa do governo interino de Hon­­duras, Gabo Jalil, foi sequestrado na manhã de ontem, na capital Tegucigalpa. O empresário Alfre­­do Jalil, de 81 anos, foi retirado de seu veículo e seu paradeiro é desconhecido, declarou sua mulher, Gloria Mejía. Pelo menos duas perfurações a bala foram encontradas no veículo.

O ministro da Defesa, Adolfo Sevilla, declarou à Radio América que não tem maiores informações sobre o que aconteceu. "Não queremos fazer especulações, muito menos neste momento de dor para as Forças Armadas", disse Sevilla, citando a morte do coronel Concepción Jiménez, assassinado a tiros na noite de domingo em frente a sua casa em Teguci­­galpa.

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A crise

A deposição do presidente Manuel Zelaya completa hoje 4 meses.

Fonte: Folhapress

28 de junho

– Com apoio da Corte Suprema e do Congresso, militares depõem Zelaya e o enviam à Costa Rica; golpe é condenado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pelos Estados Unidos.

– Roberto Micheletti, até então presidente do Congresso, assume como presidente interino e anuncia manutenção das eleições presidenciais marcadas para 29 de novembro

30 de junho – Assembleia Geral da ONU por unanimidade condena o golpe e pede a volta de Zelaya.

5 de julho

– Tentativa de retorno de Zelaya é abortada após golpistas interditarem pista de aeroporto; confrontos entre manifestantes pró-Zelaya e forças de seguranças deixam dois mortos.

7 de julho

– Zelaya abre diálogo com golpistas, sob mediação do presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que propõe acordo. Não há consenso.

24 de julho

– Após marchar em caravana desde Manágua, Zelaya atravessa a fronteira hondurenha, onde fica por quase uma hora, mas recua.

12 de agosto

– Zelaya visita o Brasil e recebe apoio incondicional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

3 de setembro

– Americanos cancelam ajuda financeira e dizem que "no momento’’ não aceitariam os resultados da eleição prevista para 29 de novembro.

21 de setembro

– Zelaya retorna a Honduras em segredo e aparece na Embaixada do Brasil, que o abriga como hóspede junto com dezenas de apoiadores.

27 de setembro

– Micheletti publica decreto revogando liberdades civis em Honduras e dá ultimato de dez dias para Brasil definir status de Zelaya; dias depois, governo interino recua das duas medidas.

8 de outubro

– Missão da OEA deixa Tegucigalpa sem conseguir promover acordo entre as partes.

12 de outubro

– Golpistas e partidários de Zelaya chegam a pré-acordo para colocar fim à crise, mas decisão sobre quem deve validar o pacto – o Congresso ou a Justiça– impede assinatura.

21 de Outubro

– Brasil denuncia na OEA que ocupantes de embaixada são alvo de "tortura psicológica’’ por militares, que usam artifícios como emissão constante de som alto durante a madrugada e restrição à entrada de alimentos.

– Na mesma reunião, representante dos EUA diz que "povo hondurenho’’ quer eleições, num indício de que Washington cogita aceitar vali­­­­dade do pleito de 29 de novembro mesmo sem a restituição de Zelaya.

23 de outubro

– Impasse continua, e Zelaya declara rompido diálogo; Micheletti propõe renúncia dele e de Zelaya, mas deposto recusa.

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