O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, chegou neste domingo (24) a Bagdá, capital do Iraque, numa visita inesperada. Kerry partiu de Amã, na Jordânia, depois de ter acompanhado o presidente Barack Obama numa viagem de quatro dias ao Oriente Médio, onde o líder dos EUA visitou Israel, a Autoridade Palestina e a Jordânia. A visita de Kerry ocorre na semana em que são completados dez anos da invasão norte-americana que derrubou o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.
Autoridades que viajaram com o secretário disseram que a visita tem a intenção de pressionar o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, e outras autoridades locais a promover reformas democráticas e conter os voos realizados pelo Irã no espaço aéreo iraquiano. Segundo Kerry, esses aviões levam pessoal e equipamentos militares para ajudar o governo Sírio contra os ataques de rebeldes. Os voos têm sido alvo de uma ampla discussão entre EUA e o Iraque. Kerry quer passar a mensagem aos iraquianos de que permitir que o Irã continue a efetuar esses voos piorará a situação da Síria e trará uma ameaça à estabilidade iraquiana.
Uma autoridade dos EUA disse que os voos "quase diários", assim como os embarques terrestres para a Síria, a partir do Irã, através do Iraque, são inconsistentes com as alegações iranianas de que tratam-se apenas de envio de suprimentos humanitários. Segundo a autoridade, existem vínculos claros entre extremistas da Al-Qaeda que atuam na Síria e militantes que estão conduzindo ataques terroristas no território do Iraque com regularidade crescente.
A fonte explicou ainda que Kerry dirá a al-Maliki que o Iraque não pode fazer parte da discussão sobre o futuro político da Síria até que o país imponha controle às embarcações iranianas.
Como o Iraque está próximo de eleições em suas províncias, que serão realizadas no próximo mês, Kerry também vai enfatizar a importância de assegurar que todos os elementos da sociedade sintam-se representados. A recente decisão de adiar as eleições nas províncias de Anbar e em Nínive representa um "grave retrocesso" para as instituições democráticas do Iraque e deve ser revisada, disse a autoridade.
Kerry também pretende falar ao telefone com o líder do governo curdo regional, Massoud Barzani, sediado em Irbil, para encorajar os curdos a não liderarem ações unilaterais - especialmente que envolvam petróleo, como um acordo de oleoduto na Turquia. O secretário norte-americano não se reunirá com o chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, porque este está em viagem a Doha, para um encontro da Liga Árabe. As informações são da Associated Press.