A Polícia e o Ministério Público do Peru fizeram operação neste sábado (17) na sede da Confederação Campesina do Peru, onde estão instalados o partido de esquerda Novo Peru e o Partido Socialista.
No local, além disso, estavam alojadas dezenas de pessoas que chegaram a Lima para participar dos protestos contra o governo de Dina Boluarte e contra o Congresso Nacional.
Agentes da Polícia Nacional entraram junto com oito promotores no prédio localizado na praça Bolognesi, no centro histórico da capital peruana.
De acordo com diretores da corporação, no local, além de pessoas com cartazes, algumas tinham objetos contundentes, como facões e capuzes, que poderiam ser utilizados em atos hostis.
Os manifestantes que estão na sede da Confederação Campesina negaram nas redes sociais a existência de tais itens e exigiram que as autoridades investiguem a procedência deles.
O prédio foi cercado por diversos policiais, conforme verificou in loco a reportagem, no terceiro dia do estado de emergência nacional decretado pelo governo do Peru.
A medida foi uma resposta as passeatas e manifestações violentas que deixaram, pelo menos, 22 mortos, a maioria no sul do território do país.
Reações à operação
Um dos assessores da Confederação Campesina Francisco Tello disse que chegou ao local junto com outros dirigentes, para "repudiar esse atropelo do governo da senhora Dina Boluarte".
"Qual é a acusação que está sendo feita? Que simplesmente os campesinos que vieram protestar pelo fechamento do Congresso, estariam armados?", indagou.
Tello garantiu que as forças de segurança "sempre perseguiram" os campesinos e afirmou que "esse atropelo não continuará".
Além disso, o assessor indicou que a organização seguirá pedindo a renúncia de Boluarte e da procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, além da convocação de eleições gerais.
O partido Novo Peru também fez um alerta nas redes sociais e denunciou a repressão no local em que estão "alojados irmãos e irmãs que chegaram para protestar pacífica e legitimamente".
A legenda indicou que agentes vestidos à paisana estão liderando a operação de buscas e que há risco de material ser plantado no local e de ocorrer violência contra pessoas que estão alojadas ali.
O Novo Peru ainda denunciou que a polícia não permitiu a entrada da parlamentar de esquerda Ruth Luque, que acompanharia a ação dos agentes e promotores.
Luque, em seguida, disse que conseguiu entrar no prédio "depois de exigir" que fosse autorizado a ela realizar trabalho de "fiscalização e representação", que cabe aos Poder Legislativo no Peru.
A Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos (CNDDHH) também se manifestou e exigiu uma explicação do Ministério do Interior sobre a operação.
"Basta de repressão", postou a organização nas redes sociais.
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