Aos 70 anos, Donald Trump toma posse nesta sexta-feira (20), às 15 horas de Brasília, como o presidente mais velho dos EUA — um septuagenário que come muito hambúrguer, evita exercícios e tem uma expectativa de vida de mais 15 anos, de acordo com dados atuariais. Mas, diferentemente do fanático por exercícios que o precedeu na Casa Branca, Trump aparentemente nunca fumou tabaco e não bebe álcool. E é um americano rico, o que faz com que ele provavelmente tenha tido acesso a ótima assistência médica.
A “vida útil” de uma pessoa é uma mistura individual de genes, nutrição, estilo de vida, acesso à saúde e outros. Presidentes, que parecem envelhecer bem, morrem antes de seus pares, segundo o livro “A Presidência mortal”. O autor, Robert Gilbert, descobriu que mesmo durante o aumento de expectativa de vida nos EUA durante o século 20, 21 dos 32 presidentes do período morreram prematuramente. O estudo não levou em conta os quatro que foram assassinados.
“A chave é como a pessoa lida com o estresse”, diz Gordon Lithgow, professor de Ciência Geriátrica no Instituto Buck. “Alguns prosperam sob estresse”, ressalta.
O 45º presidente será exposto a níveis extraordinários de estresse. O que mais poderia afetar sua saúde e capacidade de responder aos desafios do cargo? “O futuro é muito menos previsível quando se tem 70 anos, e não 40 ou 50”, explica Steve Austad, da Federação Americana de Pesquisa sobre Envelhecimento. “Ele poderia estar bem dez anos após a presidência, ou em péssimo estado em um ano”.
Obeso limítrofe
Trump revelou informações limitadas sobre sua saúde. “O presidente eleito é extremamente saudável com excelentes genes, grande energia e vigor”, informou a porta-voz Hope Hicks. Estudos mostram que as chances de adquirir três ou mais doenças ao mesmo tempo aumenta em dez vezes entre as idades de 70 e 80 anos, e aumenta em mais dez vezes na década seguinte, segundo Nir Bazilai, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Envelhecimento na Faculdade Albert Einstein.
“Todos nós envelhecemos em ritmos diferentes. Setenta não significa nada. Pode ser muito velho ou muito jovem”, aponta Bazilai.
A mãe de Trump morreu aos 88 anos. O pai, Fred, com 93, após sofrer de mal de Alzheimer por cinco. Oitenta e cinco de cada cem centenários são mulheres, e a influência da longevidade nos genes da mãe para os filhos é evidente, diz Bazilai.
O risco de Alzheimer, que afetou o segundo presidente mais velho, Ronald Reagan, dobra a cada cinco anos após os 60, segundo Valter Longo, professor de Gerontologia na Escola Leonard Davis na Universidade do Sul da Califórnia. A história familiar de Trump pode colocá-lo em perigo.
Em setembro, o gastroenterologista Harold Bornstein disse que não há histórico de câncer ou doença cardíaca prematura na família de Trump — ele mede 1,90 m e pesa 107 kg, o que o torna obeso limítrofe. E admitiu que sua dieta é baseada em fast food e que precisa perder algum peso.
Trump toma remédios para reduzir seu colesterol, o que torna difícil julgar seus níveis atuais, que estão normais, assim como sua pressão arterial e seu nível de açúcar no sangue.
Ele não parece se exercitar para muito além da ocasional partida de golfe — um erro grave, de acordo com a maioria dos especialistas em saúde. Notoriamente conhecido por seu vigor, o próximo presidente também ignora outro ponto importante de saúde: a recomendação da Academia Americana de Sono é de que adultos durmam aproximadamente sete horas por noite.
Talvez a maior vantagem de Trump seja seu status socioeconômico. De família abastada, ele nunca teve de passar por pobreza — há grandes evidências de que pobres sofrem mais riscos de morte e doença do que ricos.
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