A ex-pré-candidata democrata a presidente Hillary Clinton tenta nesta segunda-feira impedir seus seguidores de protagonizarem um racha partidário que ofuscaria a consagração do candidato Barack Obama, agora apoiado por ela.
O presidente do partido, Howard Dean, abriu a convenção de quatro dias em Denver dizendo ver "nesta diversa assembléia de democratas um testemunho da força e unidade do nosso partido e da fruição da nossa estratégia de [levar a disputa interna a todos os] 50 Estados".
A pauta do primeiro dia está toda voltada para a história pessoal de Obama. Sua esposa, Michelle, deve discursar à noite.
Filho de um negro do Quênia com uma branca do Kansas, Obama, de 47 anos, cresceu no Havaí e na Indonésia, lutou para chegar à faculdade e começou a carreira política como militante em organizações populares de Chicago.
Os democratas esperam que um tributo ao senador Edward Kennedy, um ícone do partido que luta contra um câncer cerebral, gere entusiasmo entre os participantes. Um assessor de Kennedy disse que ele estará presente, mas não vai discursar.
No entanto, num evento que deveria servir para unir, ainda pesam os ressentimentos por parte de seguidores de Hillary - não só pela derrota nas primárias, mas por ela ter sido preterida na indicação a vice. Obama escolheu o veterano senador Joe Biden, que chegou na segunda-feira à convenção.
Falando antes do início da convenção a delegados de Nova York, o seu Estado, Hillary pediu unidade partidária. "Somos afinal todos democratas, então pode demorar um pouco. Não somos um partido que exige todos na linha. Somos diversos. Mas não se enganem, somos unificados", disse ela.
Há relatos de que o marido dela, o ex-presidente Bill Clinton, estaria chateado por ter sido convidado a falar de política externa na noite de quarta-feira, em vez de discursar sobre economia.
Obama afirmou a jornalistas que o acompanham que, em conversa telefônica na semana passada, ele disse a Clinton que o ex-presidente poderia falar sobre o que quisesse. "Bill Clinton é uma figura ímpar na nossa política", acrescentou.
Em ato de campanha em Illinois, Obama disse também que Hillary esteve na sua lista final de possíveis vices, e negou que haja uma divisão no partido. "Estou absolutamente convencido de que tanto Hillary Clinton quanto Bill Cinton entendem o que está em jogo", afirmou.
Mas uma nova pesquisa mostrou que o voto "hillarista" não está garantido para Obama. De acordo com o levantamento CNN/Opinion Research Corp., o democrata está empatado com o republicano John McCain, ambos com 47 por cento.
Entre os simpatizantes de Hillary, o voto em Obama caiu de 75 por cento no final de junho para 66 por cento. Já o percentual dos que pretendem agora votar em McCain subiu de 16 para 27 por cento.
Ensaio
Com o auditório ainda meio vazio, Michelle Obama subiu ao palco com os filhos e alguns parentes para verificar o cenário para seu discurso.
O palco é dominado por um gigantesco telão em várias camadas atrás do orador, no qual serão projetados logotipos partidários e um filme sobre a vida de Obama. O espaço de cada delegação na platéia está marcado com faixas verticais indicando o nome dos Estados.
A campanha de McCain vem tentando explorar a divisão entre os democratas. Carly Fiorina, assessora do republicano, disse que as eleitoras descontentes de Hillary querem "um líder em cujo bom-senso e experiência possam confiar".
Durante a campanha das primárias, Hillary também bateu na tecla de que seria mais experiente que Obama para governar.
Fiorina disse que muitas democratas ficaram "chocadas" de ouvir Obama elogiando as qualidades de Biden em debates e na campanha, sendo que "Hillary Clinton foi claramente nas primárias democratas a mulher que... a pessoa que reuniu mais votos - 18 milhões -, que foi uma grande debatedora e fez uma grande campanha".
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