Um rali de motor em apoio ao referendo de anexação à Federação Russa em Luhansk, Ucrânia, 23 de setembro de 2022.| Foto: EFE
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Completando sete meses da invasão russa à Ucrânia, as autoridades pró-Rússia iniciaram o segundo dia de referendos nos territórios de Luhansk, Kherson, Zaporizhzhia e Donetsk, parcialmente controlados pelos russos.

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A consulta pública segue até a próxima terça-feira (27) e o Ocidente conta com a manipulação por parte do Kremlin para que os resultados sejam favoráveis à anexação dos territórios. Isso daria à Rússia o pretexto para alegar que as tentativas das forças ucranianas de recuperar o controle são ataques ao país, resultando em uma escalada da guerra, especialmente depois das últimas ameaças do presidente Vladimir Putin sobre o uso de armas nucleares.

"Há um desejo de que esses referendos passem o mais despercebidos possível, para que a manipulação possa ser exercida confortavelmente", diz Anna Colin Lebedev, especialista em sociedades pós-soviéticas, ao jornal francês Le Figaro.

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Os Estados Unidos e a Ucrânia condenam as votações impostas pelos russos, considerando-as como "farsas sem poder legal".

“Um pseudorreferendo rápido em apartamentos e pátios sob o olhar atento de um soldado armado”, escreveu Serhiy Haidai, governador da região de Lugansk, no Twitter.

Em vez de ir às seções eleitorais, os cidadãos em algumas áreas estão votando de casa, “por razões de segurança”, de acordo com as autoridades pró-Moscou.

Haidai disse ter recebido relatos de pessoas que vivem nos territórios ocupados de que os comitês eleitorais itinerantes eram acompanhados por indivíduos armados.

“Se elas não abrem a porta da casa, ameaçam arrombá-la”, disse ele, acrescentando que quando uma pessoa marca “não” (à adesão à Rússia) na cédula, os membros do comitê registram esta informação em seu “caderno”.

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Além disso, segundo Haidai, as pessoas são informadas de que podem votar mesmo sem apresentar documentos de identidade, pois o comitê lhes diz que “já sabe quem são”.

Um assessor do prefeito de Mariupol afirmou que algumas seções eleitorais na cidade costeira foram instaladas “em lojas e cafés” e que não existem condições para uma votação secreta, dada a falta de cabines.

“Você marca a cédula sob a supervisão próxima de pessoas com armas automáticas. Essa é a democracia russa”, escreveu o conselheiro Petro Andriushchenko em sua conta no Telegram.

Manifestação e fuga de russos após mobilização

Enquanto isso, no país vizinho, reservistas russos convocados para o reforço à guerra tentam fugir da Rússia. Na quarta-feira (21), o presidente Vladimir Putin anunciou a mobilização de 300 mil reservistas para lutar no conflito.

Desde então, vários têm tentado fugir para outros países, de carro ou avião, e Belarus, apesar da proximidade com o Kremlin (permitiu que seu território fosse usado para invadir o norte da Ucrânia no início da guerra), é uma rota de fuga em potencial porque não há controles de fronteira entre os dois países. No entanto, forças de segurança de Belarus iniciaram uma perseguição a russos que eventualmente fujam para o país.

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Grandes filas de carros também se acumularam nas fronteiras com outros países vizinhos, como a Finlândia e a Geórgia.

Muitos russos também estão tentando deixar a Rússia de avião. Segundo a agência Reuters, os assentos em todos os voos da Turkish Airlines de Moscou para Istanbul (a Turquia permite a entrada de russos no país sem visto) foram todos reservados até o próximo domingo.

A grande procura tem feito o preço das passagens disparar. Segundo um levantamento do site de notícias de aviação Simple Flying, na quarta-feira, as passagens mais baratas para Dubai estavam com preços de mais de 300 mil rublos (quase R$ 26 mil), aproximadamente cinco vezes o salário médio mensal na Rússia.

Passagens para a Turquia estavam custando 70 mil rublos (R$ 6 mil), enquanto na semana passada estavam em pouco mais de 22 mil rublos (R$ 1,9 mil).

Diante desse aumento na procura, o governo russo proibiu a venda de passagens para homens com idade entre 18 e 65 anos, a menos que apresentem autorização para viajar expedida pelo Ministério da Defesa.

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Na quinta-feira (22), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que há exagero nas informações sobre russos tentando deixar o país. “Há muita informação falsa. É preciso estar atento para não ser vítima destas informações falsas”, disse Peskov.

Grandes manifestações contra a mobilização dos reservistas foram registradas em pelo menos 38 cidades russas desde quarta-feira, nas quais cerca de 1,3 mil pessoas foram presas, segundo números divulgados por um grupo de monitoramento independente. Outros protestos devem acontecer neste fim de semana.