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Joe Biden faz campanha para candidatos democratas ao Senado em Atlanta, na Geórgia. Imagem de 15 de dezembro de 2020.
Joe Biden faz campanha para candidatos democratas ao Senado em Atlanta, na Geórgia. Imagem de 15 de dezembro de 2020.| Foto: AFP

O impacto econômico das próximas eleições para as duas cadeiras do Senado da Geórgia será sentido muito além do estado. Se os democratas assumirem o controle do Senado, a agenda econômica de Joe Biden se tornará uma peça central dos planos do novo governo. É provável que haja mais regulamentação e ordens executivas sobre o clima e políticas do mercado de trabalho, independentemente do resultado de janeiro, mas o destino do plano tributário de Biden depende do Congresso.

O plano de aumentar os impostos para os mais ricos e sobre os negócios afetaria a economia em todo o país, mas especialmente nos estados onde a carga tributária já é alta, incluindo Califórnia e Nova York. Muitos desses locais enfrentavam problemas na economia antes mesmo do início de 2020, mas a pandemia de Covid-19 agravou o cenário ao reduzir suas bases tributárias com o fechamento de empresas e da emigração. O forte aumento nas taxas de impostos durante a gestão Biden agravaria a situação enfrentada por localidades com impostos elevados, aumentando o estresse fiscal.

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O efeito dos impostos no crescimento econômico é estudado há muito tempo, e o consenso aponta impactos negativos. A quantificação precisa é difícil, mas a influência dos tributos sobre onde indivíduos e empresas decidem se instalar é mais clara. Indivíduos e firmas produtivas com alta renda, de acordo com muitos estudos, tendem a ser mais móveis e, portanto, mais receptivos a incentivos como diferenciais tributários.

A literatura mostra que empresas de alta produtividade, indivíduos de alta renda, cientistas famosos, inventores de ponta e atletas proeminentes respondem fortemente ao cenário fiscal local. Eles enfrentariam os maiores aumentos de impostos pelo plano de Biden.

O plano tributário de Biden aumentaria os impostos em todo o país, aumentando a reação aos diferenciais de impostos. Um diferencial de imposto é um fator maior quando a alíquota federal é mais alta (e onde há limitações para a dedução de impostos estaduais). As distorções fiscais aumentam com a alíquota, à medida que indivíduos e empresas mudam seu comportamento trabalhando menos, investindo menos ou mudando-se, pois tentam reter uma parcela cada vez menor da renda que ganham. Isso aumenta os custos de espremer uma parcela maior da receita da economia na receita tributária.

A Geórgia não é um estado com alta tributação, mas sentiria o impacto dos aumentos de impostos de Biden. A principal taxa de imposto de renda marginal combinada estadual e federal da Geórgia saltaria de 45,1% para cerca de 58,3% (de acordo com a Tax Foundation), e cerca de 170 mil georgianos veriam um aumento direto do imposto de renda totalizando cerca de US$ 6,2 bilhões (de acordo com o Institute on Taxation and Economic Policy).

Além disso, com impostos elevados sobre corporações e negócios de repasse, muito mais georgianos veriam seus salários e rendas diminuírem por conta dos efeitos indiretos desses impostos. Um estudo recente do Hoover Institute estima que o impacto de repasse por si só afetaria quase 40% dos empregos na Geórgia - mais de 1,6 milhão de trabalhadores.

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Ainda, enquanto a carga tributária geral da Geórgia está na extremidade inferior nacional, com uma taxa de imposto de renda estadual marginal superior de 5,75%, muitos de seus estados vizinhos têm cargas tributárias ainda mais baixas. Assim, embora a Geórgia não tenha grandes diferenças fiscais gerais com a maioria dos estados, ela está em concorrência direta com a Flórida, que não tem imposto de renda. Nos últimos anos, a Geórgia ganhou um pequeno número líquido de residentes da Flórida, enquanto perdia renda para o vizinho. De acordo com a Receita Federal, em 2018, a Geórgia ganhou cerca de 6,4 mil pessoas, mas perdeu US$ 160 milhões em renda – sugerindo que mais georgianos de alta renda estão se mudando para a Flórida, uma tendência que se aceleraria com o plano de Biden.

Nova York

Os resultados das eleições para o Senado da Geórgia teriam um impacto ainda maior em outros locais com alta tributação. Com uma alta taxa marginal de imposto de renda (combinando impostos estaduais e locais) de 13,3%, a cidade de Nova York tem perdido residentes e empresas há anos. A pandemia levou a um êxodo adicional de pessoas e companhias da cidade, vez que o trabalho se tornou remoto, restaurantes e atrações foram fechadas e as amenidades que atraem as pessoas a Nova York – vida noturna, teatro – estão em grande parte fechadas.

O serviço postal informou que mais de 300 mil nova-iorquinos deixaram a cidade nos últimos oito meses. A recente decisão da Goldman Sachs de transferir algumas operações para a Flórida é apenas um exemplo. A quantidade de escritórios vazios em Manhattan atingiu recentemente os níveis mais altos desde 11 de setembro.

O cálculo de localização mudou para muitos nova-iorquinos, e aumentos bruscos de impostos afetariam ainda mais a balança. De acordo com o plano de Biden, a maior alíquota de imposto combinada no estado de Nova York chegaria a 61,1%, enquanto na cidade de Nova York iria para 64,7%. Mais de 505 mil nova-iorquinos enfrentariam impostos diretos mais altos, totalizando US$ 36,4 bilhões. Além disso, 39% dos empregos no estado, totalizando mais de 3,4 milhões de trabalhadores, seriam afetados por impostos de repasse mais altos.

Uma debandada de negócios e trabalhadores pode ser paralisante para Nova York, já que uma base tributária cada vez menor pressionaria ainda mais os orçamentos estaduais e municipais, aumentando a pressão para aumentar os impostos sobre os residentes restantes ou reduzir os serviços públicos. Quem se lembra de Nova York na década de 1970 deve ficar atento.

É raro que uma eleição em um estado tenha consequências potenciais tão grandes para todo o país. Os resultados na Geórgia e as mudanças políticas que podem vir com eles serão sentidos de costa a costa.

* Noah Williams é professor de Economia diretor do Centro de Pesquisa sobre Economia de Wisconsin da Universidade de Wisconsin-Madison.

©2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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