Os dois prováveis vencedores do primeiro turno da eleição presidencial do Egito tentaram, ontem, obter o apoio de eleitores desencantados. Isso porque muitos egípcios consideram doloroso ter de escolher entre um integrante do aparato islamista e um político que integrou o regime de Hosni Mubarak. A votação foi realizada no último dia 24 e os resultados devem ser divulgados hoje ou amanhã, de acordo com o dirigente do comitê eleitoral, Hatem Begato.
Segundo o balanço de comitês de campanha e da mídia estatal, Mohammed Morsi, um obscuro integrante da Irmandade Muçulmana, irá provavelmente para o segundo turno com Ahmed Shafiq, ex-chefe da Força Aérea e último primeiro-ministro do governo Mubarak que promete restabelecer a segurança no Egito. Os dois procuram suavizar sua imagem reivindicando o manto da "revolução" que derrubou Mubarak 15 meses atrás e apelando aos egípcios que votaram em candidatos mais centristas no primeiro turno.
Begato disse estar avaliando as queixas de quatro candidatos sobre irregularidades na votação. O resultado polarizado até chegou a provocar insinuações, rapidamente rejeitadas pela Irmandade, de que Morsi deveria retirar-se da disputa para permitir que Hamdeen Sabahi, candidato esquerdista que aparece em terceiro lugar, dispute o segundo turno. "Isso é inconstitucional", afirmou Essam el-Erian, líder do Partido Justiça e Liberdade, da Irmandade Muçulmana. Ele acrescentou que se Mursi abandonar a candidatura nesta etapa, Shafiq seria o candidato.